osíris: deus do egito
marco zero
série ---
160 páginas | 2009
A saga dos deuses egípcios ressurge num épico de feroz realismo, assombro e dor. O nascimento e a vinda de Osíris, fundador da civilização, messias e rei. A ascensão e queda do primeiro reino humano. A traição, o calvário e a ressurreição de um faraó. Sua guerra implacável e a terrível vingança. Um mundo de magia e pavor, deuses e demônios, ação e aventura, vida e morte, ergue-se das areias escaldantes e misteriosas do Egito Antigo neste romance do escritor Marcelo Hipólito. Rá, o Deus-Sol, tinha o Universo sob seu comando. Ele herdara o extremo poder do pai, Atum, a divindade que criara a si mesma. Dos raios incandescentes de Rá nascem seus filhos-irmãos, dos quais ele toma a mais graciosa das beldades por esposa: Nut, Deusa do Céu. Nut, porém, seria o arauto da ruína. Dominada por uma paixão irreprimível, ela se entrega a Geb, o Deus da Terra, também filho-irmão de Rá. Tomado de fúria, Rá condena Geb às trevas eternas. Com a reclusão de Geb, o grande protetor da terra, o mundo torna-se sombrio, um lugar de barbárie e caos. Osíris é um dos filhos de Geb e Nut , lançados a terra desolada, amaldiçoados a padecerem sob a frágil forma humana e provarem os males e as dores da carne. Mas o infortúnio dos amantes Nut e Geb propiciaria a vinda do Messias, o nobre Osíris, rei do Egito. Nesta envolvente aventura sobre a história do primeiro reino na Terra, Marcelo Hipólito resgata as fascinantes lendas e tradições do Egito Antigo.
Design
Esse é o segundo livro de Marcelo Hipólito, mas preciso confessar que gostei mais do projeto gráfico de seu lançamento anterior, Lúcifer: o primeiro anjo. Achei que a capa ficou com muitos elementos (o fundo com textura de papiro, a parede com hieróglifos e o busto de Osíris) e também a fonte usada para o título não me remete ao Egito.
Na parte do miolo a fonte do sumário e de todas as aberturas de partes e capítulos já são mais “egípcias” por terem um desenho falhado que parece papiro. A fonte do texto ficou um pouco grande mas a ocupação da mancha na página é bem agradável. Não percebi nenhum problema com a revisão e apesar de não ter gostado da capa, fiquei satisfeita com o resultado do livro.
História
Quando procuramos informações sobre mitologia, normalmente os textos e histórias parecem verbetes de dicionários ou enciclopédias explicando a vida de um dos deuses do panteão.Raramente as histórias são ser tratadas como romances em que os deuses interagem entre si. Marcelo Hipólito reuniu todas as informações dos deuses egípcios individualmente e construiu uma história linear, que acompanha cronologicamente a criação do mundo e da hierarquia dos deuses.
Diferente de Rick Riordan que criou personagens que interagem com a história egípcia, em Osíris o leitor acompanha os deuses criando a história do Egito. Em sua narrativa o autor conta tudo desde os deuses primordiais até o surgimento de Rá, o grande deus-sol, de quem todos os deuses são descendentes. O surgimento do maior inimigo de Rá, Apep, a serpente do Caos (e eu achando que Seth era um problema). A nomeação de seus irmãos e irmãs como príncipes e guerreiros. A traição de sua esposa Nut com seu irmão Geb, e o consequente nascimento dos cinco filhos (Hórus, Osíris, Seth, Ísis e Néftis) gerados pelo casal e expulsos para o mundo mortal por Rá.
A partir desse momento acompanhamos a história de cada um dos deuses expulsos e a criação da civilização egípcia às margens do Rio Nilo. Inicialmente os seres humanos são retratados como desorganizados, bárbaros e canibais, até o momento que os irmãos começam a nascer em tribos e lugares diferentes da Mesopotâmia. Hórus é o único que decide não encarnar como um humano e passa a utilizar o corpo de um falcão. Dessa forma ele tenta reunir os irmãos desgarrados, mostrando-lhes o caminho para se encontrarem.
Depois, Osíris, Ísis e Néftis passam a viver juntos e a auxiliar o desenvolvimento da humanidade com os seus conhecimentos, até o momento em que Seth, o irmão belicoso e cheio de raiva e inveja de Osíris se junta aos irmãos, e passa a tramar uma forma de conseguir o trono do Egito para si.
Até a queda dos irmãos a história é um pouco lenta, por ser a apresentação e conceituação de uma “nova” mitologia. Porém, depois que os cinco são expulso e passamos a acompanhar suas vidas no mundo mortal, a história fica rápida, cheia de mudanças e reviravoltas, traições e disputas. Osíris tem as características dos grandes profetas (Buda, Jesus e Maomé), de sair de seu ponto de conforto para espalhar e difundir as boas novas. As batalhas são épicas e bem descritas. Mas eu senti um pouco de falta da associação dos personagens com suas contrapartes animais, que são suas formas mais conhecidas.
Gostei muito de ver que, assim como na mitologia grega, os deuses egípcios possuem um lado humano e falho, dado a sentimentos de inveja, raiva, vingança e egoísmo. Estes tipos de características que, na minha opinião, refletem nos deuses ainda mais seus “adoradores”, e os torna ainda mais críveis. Indico para todos que se interessam pela mitologia egípcia e querem conhecer um pouco mais dos deuses que são a sua base.
Até a próxima! o/
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