ladrão de olhos
leya
série ---
424 páginas | 2012
Peter Nimble é um jovem órfão e cego que aprendeu a sobreviver no mundo do crime. Tratado como um escravo pelo cruel sr. Seamus, todas as noites Peter é obrigado a roubar dos bons cidadãos da cidade e, durante o dia, permanece trancado em um porão, onde sonha com um futuro melhor. Até o dia em que ele rouba um objeto de um misterioso viajante – uma caixa que contém três pares de olhos mágicos. Ao experimentar o primeiro par, Peter é instantaneamente transportado para uma ilha secreta, onde ele terá uma missão especial: resgatar um povo em apuros no perigoso Reino Desaparecido! Peter Nimble, juntamente com seu fiel companheiro – um cavaleiro que foi transformado em uma estranha combinação de cavalo e gato – e com a ajuda dos olhos mágicos, embarcará em uma inesquecível aventura de capa e espada para descobrir seu verdadeiro destino.
Design
Quando o livro chegou aqui em casa, meio sofridinho com o transporte, fiquei bem impressionada pela capa e pelo tamanho do livro. São 424 páginas completamente ocupadas até o fim. Apesar do volume, o livro é relativamente leve. A Leya tem esta capacidade de fazer livros grandes ficarem leves (menos com a série As Crônicas de Gelo e Fogo, mas dá para entender XD), além de ter um cheiro especial em todos eles.
A capa tem uma paleta de tons “noturnos” e é toda belamente ilustrada, mas não entendi porque fazer um efeito “falso” de metal no título ao invés de colocar um hotstamping dourado. Outra coisa é que se compararmos com a capa original, o desenho do personagem foi retirado, para ter uma melhor ocupação do título+subtítulo, já que houve a inclusão de um quote na parte superior.
Queria também ressaltar que não entendi porque mudar o título original que aceitava uma tradução literal. Já tivemos “Harry Potter e seus subtítulos” e “Percy Jackson e seus subtítulos”, porque não manter “Peter Nimble e seus olhos fantásticos” (Peter Nimble and his fantastic eyes)? Ficou parecendo que a intensão era tirar o foco do personagem e chamar a atenção para o fato de ele ser ladrão, mas por quê?
Continuando. O miolo é bem bonito (e cheiroso XD), todas as páginas receberam um tratamento em degradê e a borda tem um tom escuro de cinza, ficando mais clara no centro. Ele tem uma divisão em três partes, cada uma representando um dos olhos fantásticos, com uma chapada de preto/cinza e o título. Cada capítulo tem seu próprio título, listado no sumário no começo do livro, e uma ilustração representando a cena que está sendo narrada.
A fonte do texto é meio grande, o que eu particularmente não gosto, e os números de páginas ficaram meio espremidos na margem inferior. Como o livro é usado até a última página, ficamos de novo sem o colofon para saber qual a fonte e o papel usado no projeto gráfico.
Fora esses comentários, o livro é atraente, chama a atenção em uma estante numa livraria, e até em casa, por causa da lombada colorida.
História
Quando li a sinopse de Ladrão de Olhos achei que ia ser uma história fantástica relativamente infantil de um menino que precisa virar herói. Não foi bem isso que encontrei durante a leitura.
Conheça Peter Nimble, um menino de 10 anos que, quando era bebê, foi encontrado em um cesto junto com um corvo. Os marinheiros que acharam Peter pensaram que o corvo havia comido seus olhos, mataram a ave e entregaram o menino para as autoridades da cidade portuária mais próxima. Nos anos seguintes, Peter cresceu por conta própria, cego, e desenvolveu suas próprias maneiras para sobreviver. Ele virou o melhor ladrão de sua cidade.
Por ser muito ingênuo, foi arregimentado pelo Sr. Seamus, um adulto frustado que passa a ensinar ainda mais truques de ladroagem para Peter, e o ameaça todas as noites, enviando o menino para fazer o trabalho sujo que ele não consegue fazer.
Até o dia em que Peter rouba uma caixa de um caixeiro viajante, que contem três pares de olhos fantásticos cada um de um material diferente: ouro, ônix e esmeralda. Quando o menino entra em contato com os olhos, o par de ouro exerce uma maior atração e ao colocá-los em suas órbitas vazias, Peter é teleportado para um ilha fantástica, onde todos os desejos são reunidos em garrafas e flutuam no Lago Turbulento.
Lá é oferecida uma missão a Peter, que só ele poderá ajudar. Junto com Sir Tode, um cavaleiro amaldiçoado que tem a forma de um gato-homem-cavalo, ele parte em busca do Reino Desaparecido com o conselho de só utilizar os olhos fantásticos na hora certa. E é neste lugar que Peter descobrirá o seu passado e verdadeiro destino.
Falando assim até parece uma história bem interessante, mas eu tive um pouco de problema com o estilo narrativo de Jonathan Auxier. Em alguns momentos achei um tanto arrastado, e a história beira uma fantasia “absurda” que não é muito de meu gosto pessoal. É bom avisar que não é uma história para crianças, não. Em alguns momentos a descrição de batalhas que Peter Nimble e Sir Tode se envolvem é bem realista, e você acreditar que uma criança de 10 anos que está agindo é um tanto… improvável (talvez seja a palavra certa). Acredito que provavelmente eu não sei “o que é” uma criança de 10 anos hoje, em 2012; mas não acredito que tivesse a metade da coragem ou determinação quando eu tinha 10 anos.
Às vezes me pergunto se os autores não exageram nessas crianças que criam como personagens de suas histórias. Tal qual George R.R. Martin com suas crianças Stark fazendo e acontecendo por Westeros, com menos de 15 anos de idade! O.o Okei que nas épocas medievais era diferente, blablablá, mas uma coisa é você saber que era assim. Outra é você aceitar e acreditar que pode ser assim…
Gostei muito de ver a jornada do herói todinha no livro. Dá pra identificar praticamente todas as etapas do crescimento e desenvolvimento do Peter Nimble dentro da história (acho que vou precisar fazer um post sobre a jornada em algum momento…). Isso foi muito legal de acompanhar, mesmo com a narrativa meio chata do autor.
Estou tentando verdadeiramente explicar o que eu achei chato na história. Por exemplo, o texto é todo em terceira pessoa, mas em alguns momentos o autor focava no que acontecia com o Peter e, no parágrafo seguinte, ele está descrevendo o ambiente ou os outros personagens em cena. Mas o foco estava no Peter e ele é cego, então de repente você tem descrições, mas o menino não pode ver o que tá sendo descrito… e ficava tão estranho. O.o Confuso? Para mim foi em alguns momentos.
Uma outra coisa que foi um pouco difícil para mim tem a ver com a decisão de não traduzir os nomes de alguns personagens. Deixo claro que sou partidária da não-tradução dos nomes originais, mas no contexto de Ladrão de Olhos, já que não traduziu-se os nomes, era muito importante ter uma nota de rodapé ou glossário no final do livro. Pela simples razão que o nome de alguns personagens são manobras de ladroagem, que quando mantidas em inglês não fazem sentido algum para o leitor. Em outro momento do livro, os personagens afirmam que seus nomes representam suas características e/ou personalidade. Agora, me diga, o que Trouble, Scrape, Giggle e Marbles significa para você, pensando que o leitor pode não saber inglês?
De qualquer forma, é um livro interessante, relativamente lento, mas que se fecha em uma só história. Em um momento em que todos os autores só escrevem sagas e trilogias, ler um livro que acaba e termina em si foi uma grande satisfação.
Até a próxima! o/
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4 Comentários
Olá, gostei muito de sua resenha, preciso fazer um trabalho de literatura para a escola, devo escrever sobre utilização de cada par de olhos magico, e eu não tenho nada em mente, vc poderia me ajudar por favor
Oi Stella, tudo bem? Você leu Ladrão de Olhos pra sua aula de literatura? Me explica melhor o que você precisa fazer no seu trabalho? Faz muitos anos que li o livro, e eu confesso que não lembro mais quais são os poderes de cada um dos pares de olhos que o Peter encontra. Se você me contar direitinho o que é o seu trabalho, talvez eu consiga ajudar. :)
Você não tem ideia do quanto eu fiquei feliz com a sua resenha! Eu acabei de ler esse livro agora, e não gostei.
Achei uma fantasia absurda, como você disse, mas ao procurar resenhas só achava pessoas que amaram a história, acharam que a leitura cativava mais a cada página.. e eu achando mais absurdo a cada página..
Fiquei feliz em saber que não estou sozinha no mundo, rs.
Oi Juliana! É sempre bom quando a gente encontra alguém que teve uma experiência parecida com a nossa durante uma leitura, não é?! Fico feliz que você tenha gostado da resenha e que ela tenha respondido às suas expectativas. Volte sempre! ^^
o/