lúcifer: o primeiro anjo
marco zero
série ---
176 páginas | 2006
Para a criação do épico Lúcifer – O Primeiro Anjo , o escritor Marcelo Hipólito realizou uma extensa e detalhada pesquisa baseada em descobertas arqueológicas e nos ensinamentos do Taoísmo, Budismo, Judaico-cristianismo, Islamismo, Bramanismo, entre outras crenças e filosofias milenares. Do surgimento de Deus à ruína de toda a existência, Lúcifer – O Primeiro Anjo revela a verdadeira natureza do Bem e do Mal, o sentido da Vida, e da Morte, e que mesmo no Inferno é possível encontrar honra e sacrifício. Hipólito preenche as lacunas das narrativas milenares que envolvem Deus e Lúcifer, combinando imaginação e realismo, no esforço de reunir todas as inúmeras – e por vezes conflitantes – versões dessas lendas em um único livro.
Design
Eu não conhecia a Editora Marco Zero e fiquei bem surpresa com a qualidade do livro. Fugindo um pouco do padrão que tenho lido, as folhas de Lúcifer são brancas (off-set), mas, apesar do papel ser um pouco mais reflexivo que o amarelo, eu particularmente não acho um problema e não me incomodo muito.
A capa foi bem construída hierarquicamente, o título usa uma fonte que parece misturar as minúsculas e maiúsculas e dá até para viajar que esta pode ter sido a intenção do designer. Afinal, Lúcifer sempre será um anjo (maiúsculas) e demônio (minúsculas), mas aí sou só eu especulando. XD O problema, na minha opinião, é que não achei em lugar nenhum o nome da pintura utilizada para ilustrar a capa, uma pena.
Quanto ao miolo, achei a mancha muito bonita com uma boa margem que deixou o conteúdo elegante e arejado. O livro é divido em partes e estas em capítulos que começam sempre nas páginas ímpares. Apesar de suas 176 páginas, não é um livro rápido de ler por causa do tamanho da fonte que permite boa quantidade de conteúdo em cada página.
Minha única ressalva vai para a falta de um mapa. Em muitos momentos o autor descreve cenas e ações em locais do céu, terra e inferno que ficam difíceis de localizar p0r não existir uma informação gráfica do lugar. Se em uma nova edição o mapa for acrescentado vai auxiliar muito a leitura e torná-la ainda mais envolvente.
História
Um dos meus maiores prazeres na leitura é conhecer a interpretação, romantizada ou não, de grandes mitos e símbolos da humanidade. Sou uma apaixonada por mitologia, principalmente a grega, e ler histórias sobre mitos bíblicos sempre me interessou.
Talvez por causa de Evangelion (aquele anime de 1995, conhecem?), ou por algum outro motivo obscurecido pelo tempo, a história dos anjos, a cabalah, a hierarquia angélica, são assuntos que eu sempre achei interessantes mas não tão acessíveis.
Marcelo Hipólito, após profunda pesquisa, construiu sua história sobre um dos personagens mais controversos dos escritos bíblicos: Lúcifer, o primeiro anjo, a estrela da manhã, o diabo, todos estes nomes representando o mesmo personagem.
A forma como o autor escreve transformou uma história que poderia ter conotações doutrinárias ou de teor religioso em simplesmente uma história. Você consegue, independente de suas crenças, encarar Samael/Lúcifer como um personagem crível, com dúvidas, anseios, vitórias e derrotas como qualquer outro.
Existiram momentos em que simpatizei com Samael, o primeiro anjo; que entendi sua solidão, seu anseio por atenção. E existiram momentos que eu o via como uma criança mimada e egoísta, que sempre colocava seus interesses acima do que seria ideal para o “social” angélico.
A história toda segue, na maior parte do tempo, acontecimentos do que seria o antigo testamento da bíblia. Onde Deus (aqui com maiúscula, seguindo a utilização do próprio autor) tem facetas, que, ao meu ver, são quase cruéis, que até justificariam (ou não), o comportamento que fez com que Samael, primeiro anjo e filho criado à imagem de Deus, virasse Lúcifer.
Através da narração acompanhamos o gênese, a criação dos anjos e dos quatro céus, a revolta liderada por Lúcifer e sua queda. A origem da hierarquia demoníaca, a criação do jardim do éden e do homem. O corrompimento do que seria a linhagem pura de Adão, o nascimento dos gigantes (que eu acho que seriam os nefilins de outras histórias), a purificação da terra e o apocalipse. Ufa!
O legal da história de Marcelo Hipólito é perceber que todos os seres da criação, sejam eles humanos, gigantes, anjos ou demônios, têm a possibilidade para o bem e para o mal e que devemos sempre nos esforçar para expulsar a nossa tendência para o mal e “prendê-lo na nossa mão esquerda”. Assim, tudo terá mais pureza e seremos mais abertos às coisas certas e a fazer o bem para todos.
Recomendo para todos os curiosos por essa história que acompanha nossa sociedade desde o começo dos tempos.
Até a próxima! o/
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7 Comentários
Lê o livro, a questão da queda dos anjos é de lúcifer realmente é muito interessante até didático é certos pontos, bem escrito com uma fluidez incrível. Porém… Se você quer realmente compreender mas sobre a Bíblia de FATO. recomendo que leia os livros de Enock, esse livro sim! Vai te ensinar coisas incríveis. Muito cuidado com esse livro! Ele passa uma ideia totalmente errada sobre a Bíblia, tornado o Éden no palco de confusão, putaria, traição é muito mas! É horrível!.
Gostei muito de sua resenha, bem detalhada, me deixou com muita vontade de ler o livro, pois sou muito interessada nesse tipo de história.
Já li o livro. É excelente.
A pintura da capa é “A Queda dos Anjos Rebeldes”, de Pieter Bruegel, o Velho (1562).
Oi Reno! Obrigada pelo nome da pintura. Ainda acho que poderia vir descrito nas informações da capa. Quem sabe em uma próxima edição, né?
bom ja que vc colocou essa resenha maravilhosa gostaria de indicar um livro excelente que li há algum tempo adoraria ler o comentário sobre ele o nome é
ETHERNYT
A Guerra dos Anjos
2009
GIZ Editorial
por: Márson Alquati
Não conhecia esse livro, mas a resenha aguçou minha curiosidade, principalmente porque meu livro também discorre esse assunto, onde falo sobre a lenda do anjo Samael, mas de uma forma mais romanceada.
Adicionado à lista de desejados!
elainevelasco.blogspot.com.br
[…] Hipólito, mas preciso confessar que gostei mais do projeto gráfico de seu lançamento anterior, Lúcifer: o primeiro anjo. Achei que a capa ficou com muitos elementos (o fundo com textura de papiro, a parede com […]