o despertar
selo brasileiro
série draco saga #1
254 páginas | 2010
Imagine entrar em coma, acordar alguns anos depois e descobrir que suas sociedade e cultura estão sendo destruídas por uma praga que se propaga mais rápido do que é possível conter. A praga, porém, somos nós humanos, mortais, gananciosos, sedentos por poder e riqueza em um mundo novo que já era dominado por seres de inteligência superior que nos permitiram viver em paz em seus domínios por muito tempo. No entanto, não valorizamos a liberdade que nos foi dada e o preço a pagar pode ser alto demais!
Design
O Despertar é um livro de produção quase independente e tem projeto gráfico simples. O miolo apresenta uma mancha um pouco larga para o tamanho da página, deixando uma margem lateral muito apertada com pouco respiro.
A fonte é relativamente grande e eu particularmente prefiro quando elas são usadas em tamanhos menores. Não gostei muito do arabesco usado nas aberturas de capítulos por serem muito florais e rebuscadas. Eu imaginava que a temática de dragões combinava mais com grafismo mais parecido com as letras rúnicas criadas por Tolkien, que foram usadas nos mapas de O Senhor dos Anéis.
A capa é simpática mas apresenta os mesmo arabescos dos capítulos. Gostei do grafismo usado como pano de fundo que lembra um pouco couro manchado. Fico pensando que com um pouco mais de orçamento seria possível fazer uma aplicação de hot stamping dourado no dragão, assim criaria um efeito ainda mais legal de brilho. Eu preferiria que o título da série “Draco Saga” estivesse todo em caixa alta para criar uma diferenciação e aumentar ainda mais a hierarquia tipográfica da capa. O único problema que percebi foi o tamanho das orelhas que não chegam nem a 1/3 da largura da capa. Se elas fossem um pouco maiores talvez dessem mais estrutura e proteção para o livro.
Foi uma boa escolha utilizar a envernização fosca que ajuda a proteger a capa, mantendo uma aparência de livro novo, mesmo sendo um volume que já viajou por alguns leitores.
História
Desde que comecei o Parafraseando passeio muito pela blogosfera literária. Numa dessas minhas “andanças” cheguei ao Selo Brasileiro que é um blog com a meta de incentivar a leitura de autores brasileiros. No blog você pode se inscrever para booktours e receber novidades. Um dos booktours abertos era o do Fábio Guolo e seu primeiro volume da série Draco Saga.
Eu já tinha visto o banner do booktour em outros blogs e me interessei em participar. Afinal, era um livro de fantasia, um dos meus estilos favoritos, e haviam muitas resenhas positivas no Skoob falando bem. Li a degustação do primeiro capítulo e decidi que queria mesmo conhecer o livro.
Bem, Draco Saga tem uma boa temática e um plot interessante, mas peca em alguns pontos que me incomodaram durante a leitura.
O livro é sobre dragões. Dryfr, um grande dragão guerreiro acorda do que imagina ser um curto descanso e encontra seu mundo mudado e invadido por seres estranhos, dos quais ele não se recorda. Indo encontrar com seu Mestre, Dryfr descobre que dormiu por volta de 200 anos, consumido por uma estafa causada por um feitiço mal-executado por elfos, que criaram uma porta para a invasão dos seres humanos ao seu planeta.
Como os dragões são seres muito evoluídos e tiveram seus domínios invadidos por criaturas tão inferiores mas extremamente destrutivas, decidem que a melhor maneira de lidar com o problema é extinguir a raça humana. A história progride com os dragões desenvolvendo uma estratégia para fazer com que todas as nações invasoras destruam umas as outras, aproveitando uma inimizade já existente entre elas.
Eu fiquei meio chocada quando li sobre a decisão de extinguir o “problema”, afinal esta é o código de Hamurabi, a lei do olho por olho, dente por dente. Como uma raça que se diz mais evoluída e superior resolve seus problemas desta forma? E como esta atitude os torna diferente e melhores que os humanos?
A parte inicial da história é meio corrida, com muita informação apresentada para o personagem e o leitor. Também é apresentado superficialmente a cultura dos dragões e seus costumes. Mas eu não consegui formar uma imagem do dragão de Fábio Guolo. Não consegui entender se ele era reptiliano, humanoide, serpentário… Às vezes ele descrevia-os com focinhos, às vezes com lábios; falava em mãos e outras vezes em garras; em dragões se abraçando; com tamanho colossal… fiquei um pouco perdida em alguns momentos nestas variações.
Outra coisa que dá para perceber neste início é que os dragões são extremamente arrogantes. Para mim isso foi um dificultador na identificação com os personagens. Em certos momentos cheguei a me irritar com o nível de superioridade.
A raça humana é descrita de uma forma quase agressiva, focando nos piores defeitos que todos possuímos. Eles são tão exarcebados que dá até vontade de pedir desculpas por existir. Mas apesar desse desgosto velado (ou não) do autor com a humanidade gostei de ver as grandes civilizações representadas nas cidades humanas da história: Grécia, Roma, os Impérios do Oriente (chinês e japonês) e os do Oriente Médio. Fábio Guolo contextualizou bem cada uma das cidades que criou com a cultura, religião e certos hábitos de cada civilização. Senti falta de um mapa, que localizasse melhor aonde ocorriam as ações da história. Já falei em outra oportunidade como acho fundamental mapas em livros de fantasia.
O desenvolvimento em alguns pontos é um tanto demorado. O autor alterna momentos muito lentos e descritivos com outros de velocidade e empolgantes, mas ainda não consegue manter uma uniformidade.
Eu achei O Despertar interessante e tem bastante potencial se houver amadurecimento e evolução dos personagens draconianos e se autor aprimorar ainda mais o seus estilo de escrita que se torna, algumas vezes, prolixo.
Recomendo para aqueles que querem uma história fantástica pela ótica de um herói não convencional, já que não é um ser humano, e que lutará por um ideal para proteger a sua raça e cultura, e salvaguardar o seu próprio planeta.
Até a próxima! o/
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