Angelologia
suma de letras
série ---
456 páginas | 2010
No romance de estreia de Danielle Trussoni, best-seller do New York Times, anjos também vivem na Terra e escondem suas asas para não levantar suspeitas. No entanto, sua perfeição imaculada se desfaz quando se apaixonam pelos humanos, seres inferiores. Os descendentes dessa união, os chamados Nefilins, são criaturas híbridas que desejam dominar a humanidade semeando o medo, provocando guerras e se infiltrando nas mais poderosas e influentes famílias da história.
“Os Nefilins do meu livro são totalmente modernos. Os Nefilins originais, mencionados como ‘gigantes’ no livro de Gênesis, foram a inspiração para as criaturas que eu imaginava. Eu queria inverter a ideia típica dos anjos enquanto seres exclusivamente responsáveis por atos beneficentes. Queria mostrar o seu lado obscuro, explorar a capacidade de sedução que sua imagem exerce sobre as pessoas e, com isso, criar uma perspectiva aterrorizante”, explica Trussoni.
Com uma narrativa complexa e inteligente, Angelologia – O Conhecimento dos Anjos consegue fundir elementos bíblicos, míticos e históricos e envolver o leitor da primeira à última página. Mas a autora conta que quando começou a escrever o livro não estava especificamente interessada na história dos anjos: “Na verdade, eu não estava nada interessada neles. Tudo que eu sabia é que queria escrever algo que se passasse em um convento, e então decidi que deveria me hospedar em algum deles durante um tempo. Foi nesse período de estadia que me deparei com uma coleção imensa de livros sobre anjos. Depois que comecei a ler, tive a nítida certeza de que os anjos são elementos onipresentes em nossa cultura.”
No livro, a irmã Evangeline era apenas uma menina quando seu pai a entregou à ordem das Irmãs Franciscanas da Perpétua Adoração, ocupantes do Convento de Santa Rosa, em Nova York. Agora, aos 23 anos, ela se vê subitamente jogada no centro de uma batalha pelo poder na Terra que já se estende por milênios. Os protagonistas desse confronto são os Nefilins e a reclusa Sociedade Angelológica, que, com seus conhecimentos ancestrais, parece ser a única capaz de detê-los. Quando Evangeline se envolve no conflito, sua vida é colocada em risco e o apocalipse parece estar próximo.
Dos corredores austeros do convento à opulência da Quinta Avenida, de um cemitério em Montparnasse às montanhas da Bulgária, Angelologia – O Conhecimento dos Anjos é uma viagem pelos locais resguardados onde a História da relação entre os seres humanos e os anjos foi mantida a sete chaves.
Design
Como já virou hábito vou começar analisando a parte gráfica do livro, vamos juntos? A capa de Angelologia foi o que me chamou atenção nesse livro, e me fez comprá-lo na última Bienal, aliás, minha única compra física no evento. É uma daquelas capas que ocupa frente e verso com o “tema”, e foi muito bem escolhida, mantendo a arte original. Nossa versão tem uma aplicação de verniz fosco perolado que dá um leve brilho na capa, e fica muito bonito nas áreas claras da imagem, principalmente nas asas do anjo. Eu particularmente não entendi a necessidade desse subtítulo – o conhecimento dos anjos – porque achei que é meio de duplo sentido. Pode ser uma informação que só os anjos tem, ou pode ser uma informação a respeito dos anjos.
Quanto ao miolo do livro, temos páginas amarelas (meus olhos agradecem ^_^) mas não tem como saber que papel foi utilizado pois não está escrito no colofon (aquela informação que costuma vir na última página do livro com a fonte utilizada e tipo de papel). A mancha gráfica principal é bem agradável e como temos momentos no livro em que os personagens leem cartas, aparecem manchas gráficas secundárias, com uma ocupação da página menor, e alinhada à esquerda. Não reparei em nenhum erro de revisão na parte de design ou de texto propriamente dito, só me incomodou um pouco na parte da mancha secundária o excesso de artigos (“o”, “de”, “do”, etc.) finalizando linhas de texto. Uma outra coisa que não gostei muito foram os títulos/aberturas de capítulos em itálico. Eu sempre passava direto e de certa forma eram informações importantes por contextualizar aonde estava ocorrendo a ação descrita. Talvez se o texto estivesse mais próximo da mancha principal esse problema se resolveria.
História
Angelologia conta a história de Evangeline, uma freira da ordem das Irmãs Franciscanas da Perpétua Adoração, que foi deixada no convento por seu pai aos 12 anos. Evangeline, agora com 23 anos, cuida da biblioteca e do enorme acervo sobre anjos que o convento possui. Quando recebe um pedido para visitação da biblioteca por um pesquisador, acaba se envolvendo e descobrindo coisas sobre sua vida, sua avó (única parente viva que ainda possui), e sobre uma batalha entre os humanos e os Nefilins, que já persiste desde sempre.
Esse livro é o primeiro romance de Danielle Trussoni. De verdade eu ainda não sei direito se gostei ou não da história. Achei que em muitos momentos ela é lenta e confusa.
O livro é divido em três partes, a primeira e a terceira nos dias atuais, e a segunda uma contextualização no passado, durante a segunda guerra. Uma coisa que eu não consegui entender e fiquei até perdida é se a autora criou um mundo parecido com o nosso em que existem faculdades que ensinam Angelologia, ou se ela quer que aceitemos que isso é verdade em nossas realidades.
O tempo também é uma coisa complicada no livro; nas duas partes atuais, eu só fui perceber que só tinham se passado dois dias quando um personagem comentou isso. A sensação de leitura é de muito mais tempo se passando. Provavelmente a troca constante de foco nos personagens, cada capítulo seguindo um diferente, possa ter me dado essa impressão.
Já a segunda parte eu achei muito longa e muito lenta. A autora passa para uma narrativa em primeira pessoa, e a personagem não é muito interessante ou agradável de se “ouvir”. É nessa parte que a autora tenta explicar os acontecimentos dos dias atuais, contando o que é a faculdade de Angelologia, e sua importância para o mundo.
Achei o final muito corrido, o suspense que a autora tenta criar para a personagem de Evangeline é previsível, algumas coisas ficam sem explicação (por exemplo: qual era o motivo para Evangeline e sua avó usarem o pingente de lira no pescoço? A autora dá muito foco para isso.), o final em aberto é bem decepcionante, pois não dá a entender se a ideia é fazer uma série ou deixar o leitor frustado. Para não parecer que eu “odiei” tudo, gostei muito da escolha dos nomes femininos, serem todos derivados da palavra “anjo” ou algo com a sonoridade/contexto parecida (Evangeline, Angeline, Gabrielle, Celestine, etc.).
Se você gosta de histórias movimentadas ou românticas, não recomendo Angelologia, mas se você quer conspirações e o envolvimento de anjos e humanos, vai fundo que o livro é interessante.
Até a próxima! o/
Livro que estou (re)lendo agora: O Beijo das Sombras (no Skoob)
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2 Comentários
Concordo plenamente contigo, quanto ao final da obra.
Mas o que mais gostei foi a desmistificação dos anjos bonzinhos que andam por aí.
O nosso Eduardo Spohr com a trilogia Filhos do Éden e Batalha do Apocalipse também nos dá essa visão de anjos bem “mortais” como os que aparecem na escrituras judaico-cristã.
Todavia, quando terminei de ler a primeira pergunta que me veio foi ” Vão caçar Evangeline?” “Ela é boa ou má?”
Oi Vani! Você desencavou uma das primeiras leituras aqui do blog. Tive até que reler minha resenha pra relembrar um pouco da história… ^-^’
Também gosto bastante da visão do Spohr sobre a participação dos anjos na vida dos humanos/mortais, mas estou em débito em terminar a trilogia Filhos do Éden.
No fim das contas muito provavelmente só vamos descobrir o que acontece com Evangeline se lermos o livro em inglês. Parece que a Suma não deu continuidade na publicação dos livros da Trussoni.
Obrigada pela visita!