resenha

Canção do Silêncio – Robert Kirkman, Lorenzo de Felici

3 mar 2020
Informações

Canção do Silêncio

Robert Kirkman, Lorenzo de Felici

Intrínseca

série Oblivion Song #1

144 páginas | 2019

3.5

Design 4

História 3

14

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Anos atrás, 300 mil habitantes da Filadélfia foram transportados para Oblivion, uma nova dimensão aterrorizante que surgiu de forma inexplicável e destruiu áreas da cidade. Os desaparecidos tentam sobreviver enfrentando seres monstruosos em um ambiente inóspito e atordoante, marcado por raros momentos de calmaria.

O governo investiu muitos recursos em incursões para resgatar as vítimas, mas depois de dez anos as buscas foram encerradas. Mesmo lamentando a perda de entes queridos, a vida seguiu seu curso para grande parte da cidade, e monumentos, memoriais e museus foram erguidos em homenagem aos que se foram. No entanto, se depender do cientista Nathan Cole, ninguém vai ficar para trás. Nathan desenvolveu uma tecnologia extremamente instável que lhe permite visitar Oblivion todos os dias. Ele arrisca a própria vida em viagens solitárias, perigosas e muitas vezes infrutíferas na tentativa de resgatar sobreviventes. Cada vez que volta de lá, se mostra mais determinado. Mas o que Nathan procura? Por que não consegue resistir ao chamado de Oblivion, à canção silenciosa de um mundo prestes a ruir e a levá-lo junto?

Criador de The Walking Dead — série vencedora do prestigiado Eisner Awards —, Robert Kirkman retorna com seu talento para contar histórias de caos em cenários pós-apocalípticos. Oblivion Song: Canção do Silêncio narra o luto, os traumas e os limites impensáveis que ultrapassamos para consertar os erros do passado. Com o traço único de Lorenzo De Felici, o primeiro volume reúne os seis fascículos iniciais da série.

Design

Daredevil: The man without fear - Frank Miller, John Romita Jr.

Preciso dizer que a capa de Oblivion Song me vendeu uma parada completamente diferente da experiência que tive com a arte do miolo. O traço da capa me lembrou DEMAIS o do John Romita Jr. e seu estilo todo quadrado e anguloso.

Mas quando você vai para as páginas internas, não tem muito a ver com a arte do ilustrador de Demolidor. Na verdade, eu achei a arte de Lorenzo de Felici um pouco “suja” e difícil de entender em alguns quadros. E isso talvez possa ter prejudicado um pouco meu envolvimento com a história.

Achei também que as cores de Annalisa Leoni me confundiram. Na minha opinião de bosta, eu achava que ela deveria ter criado padrões e ambientações cromáticos que ajudassem o leitor a identificar as diferentes dimensões.

No fim das contas, é complicado saber só pelas cores como diferenciar os ambientes. Eu queria muito que tivesse uma identidade mais definida para você saber imediatamente em qual dimensão os personagens estavam, sem ter que recorrer somente às mudanças do cenário, com as gelecas e os fungos de Oblivion.

Agora… eu já comentei sobre essa questão na resenha de Black Hammer mas preciso falar de novo. Eu tenho certa dificuldade de lidar com o preço de capa de Canção do Silêncio: Oblivion Song (e também com o de Estrelas de Lata: Descender).

Não sei como é feita a precificação de uma graphic novel como essa. Tiragem, produção gráfica, direitos autorais e compra da série fechada e dos próximos volumes… Talvez eu devesse me informar e contar pra você depois. 🤔

Ainda assim. sei que o dólar não tá pra qualquer um, todas essas transações são feitas na moeda do Trump. Papel também.

E talvez tenha um pouco do meu próprio preconceito de “desmerecer” uma obra como Oblivion Song “só porque é um quadrinho”. Eu sou de uma “geração” que ouviu seus pais dizer que quadrinhos é coisa de menino, de criança, de “retardado”. Essas coisas ficam enraizadas na gente.

Mas vamos combinar que tem um monte de mangas saindo por mais de R$40 e eu fico me perguntando quem tem dinheiro para comprar/investir mensalmente em uma série com esse peso monetário.

(Falo tudo isso, mas gastaria o mesmo valor [ou até mais] pra comprar um livro em capa dura e qualidade gráfica como a Intrínseca fez com O Labirinto do Fauno, por exemplo.)

Ou então você pode só considerar que, como quadrinhos não são mais minha prioridade de leitura e de compra, eu vou sempre reclamar do preço que é cobrado pela obra.


História

Eu queria começar essa resenha com uma pequena reflexão.

Sempre fui fã de quadrinhos. Na minha adolescência eu guardava o dinheiro do lanche e caminhava ao invés de pegar o ônibus pra poder comprar Marvel e DC.

Só que o tempo passou e a gente precisa fazer certas escolhas de prioridades e investimentos. E eu escolhi comprar livros.

Bem, acontece que depois de tanto tempo, eu acho que eu “desaprendi” a ler quadrinhos.

“WTF maluco você tá falando, Samara?!”

Eu acho que me desacostumei com o “nível de investimento”, mental e monetário, que um quadrinho ou manga exigem da gente.

O que eu quero dizer é que, na maioria das vezes, a sensação de retorno e recompensa costuma ser maior quando eu leio um livro do que um quadrinho.

Mesmo que seja uma série e eu fique pendurada ao longo de três, quatro livros, a sensação de que mais coisas acontecem e são construídas nas páginas de um livro é maior do que em um quadrinho.

Talvez um paralelo mais “moderno” seja com as séries dos streamings. Sabe quando aquele primeiro capítulo não é construído de uma forma que consegue te “pegar de jeito”, ou não deixa aquela curiosidade pra experimentar e investir seu tempo naquela série?

Pois é. Não sei se o problema sou eu (muito provavelmente sou totalmente eu), mas dos últimos quadrinhos que li da Intrínseca essa foi a sensação.

Não tinha muita coisa construída no primeiro volume e nem me gerou tanto interesse pra ver o que acontece na sequência…

Isso aconteceu com Black Hammer, com Estrelas de Lata: Descender (eu ainda vou falar dele) e aqui em Canção do Silêncio.

A proposta é interessante! 300 mil pessoas de Filadélfia desaparecem e vão parar em uma outra dimensão. O governo se mobiliza pra tentar encontrá-las e trazê-las de volta.

Mas com o tempo, cada vez menos pessoas são achadas e as buscas são encerradas. Menos por Nathan. Ele ainda tem um motivo muito forte para continuar indo para Oblivion. E ele não vai desistir enquanto não resolver suas pendências.

Meu problema com a história talvez tenha sido com o próprio Nathan e a forma um pouco lenta e truncada para ir mostrando o que aconteceu nos anos de busca. O que causou o desaparecimento das pessoas. A busca incessante de Nathan. Os personagens coadjuvantes…

É interessante ver como pessoas que foram resgatadas tentam se reajustar ao “mundo real” depois de tentar sobreviver em Oblivion. Nathan está há pelo menos 10 anos indo até a outra dimensão em busca de uma pessoa.

Imagina sobreviver tanto tempo em um ambiente altamente hostil, cheio de monstros querendo te comer como aperitivo. Deve ser perturbador voltar para uma dimensão relativamente segura, onde seu maior problema são os boletos no fim do mês.

Mas sei lá. Ainda assim, mesmo descobrindo coisas sobre Nathan, sobre sua busca, sobre Oblivion, é quase como se não fosse o suficiente pra me manter interessada.

Eu fui atrás de Canção do Silêncio muito porque é uma criação de Robert Kirman, que é o mesmo autor de Walking Dead. Como não consigo lidar com zumbis, quis conhecer o autor por uma outra obra.

Mas como eu disse. Talvez o problema seja eu. Talvez o tema da história não tenha me pegado. Talvez o traço e o clima não tenham sido os “certos” pra minha leitura.

Ainda assim, eu gostei de conhecer o autor. Só não devo continuar lendo o resto da série.


Até a próxima! o/

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