resenha

Autoridade – Jeff Vandermeer

9 jan 2018
Informações

Autoridade

Jeff Vandermeer

Intrínseca

série Trilogia Comando Sul #2

384 páginas | 2015

3.5

Design 4

História 3

16

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Por décadas, o único vínculo humano com a Área X — um lugar cercado por uma fronteira invisível, misteriosamente sem vestígios de civilização — foram as expedições monitoradas pelo Comando Sul, uma agência secreta do governo. Após a tumultuada décima segunda expedição, narrada em Aniquilação, a agência acaba imersa em um completo caos. John Rodriguez, conhecido como Controle, é então nomeado diretor.

Apesar dos funcionários desconfiados e desesperados da agência, da frustração dos interrogatórios e anotações que parecem não levar a lugar algum e das horas e horas de registros em vídeo a pesquisar, Controle começa a desvelar os segredos da Área X. Mas, a cada descoberta, ele precisará confrontar verdades perturbadoras sobre si mesmo e sobre a organização para a qual se comprometeu a trabalhar. Em Autoridade, segundo livro da trilogia Comando Sul, as perguntas mais inquietantes sobre a Área X são respondidas. Mas o que se descobre está longe de ser reconfortante…

Jeff VanderMeer surpreende mais uma vez com uma obra impossível de parar de ler. Uma narrativa tensa, que mescla com maestria terror e ficção científica.

Design

E temos um coelho sinistro em uma capa de um amarelo-doentio na continuação da trilogia Comando Sul. Sim, eu acho esses olhos vazios e esbugalhados desse coelho bastante incômodos, e se essa é a sensação que o designer que criou esse projeto gráfico quer passar, tá de parabéns.

Como em Aniquilação, nas internas das capas, temos uma ilustração de uma vegetação, só que aqui ela está infestada por diversos coelhos sinistros. Não sei se prefiro coelhos sinistros ou flores bizarras com olhos. De qualquer forma, o desconforto tá batendo aqui, e espero que não seja só comigo.

De qualquer forma, fiz uma análise bem profunda sobre o projeto gráfico da série em Aniquilação, e você pode dar uma olhada lá para conferir minha opinião. ^.~


História

Acabei de terminar Autoridade e estou tentando não me sentir como o gif do John Travolta no Pulp Fiction.

GIF john travolta confused

Acho que eu não sei bem o que eu acabei de ler. Depois de um livro que foi de certa forma pesado e denso, narrado pela Bióloga, que não era dada a descrições e devaneios. Depois de uma história completamente envolta em estranheza e uma necessidade de suspensão de descrença absurda para tentar acompanhar. Eu não sei bem se consigo entender como Autoridade se conecta direito com a história de Aniquilação.

Vou considerar que se você continuar lendo essa resenha é porque não se incomoda com spoilers do livro anterior e deste, ok?

Autoridade foi, à sua maneira, um livro mais difícil do que Aniquilação. Não só pelo tamanho pelo menos duas vezes maior, mas pela forma como a história se desenvolve. São páginas e mais páginas de uma história arrastada e que demora MUITO para se desenvolver realmente.

Se antes tínhamos que acompanhar a narração não muito confiável da Bióloga, altamente fragmentada, e cheia de momentos estranhos e bizarros, agora, na voz de Controle, tudo ganha um volume de conspiração e politicagem absurdo, fazendo com que todo o desconforto que senti em Aniquilação fizesse falta em Autoridade.

John “Controle” Rodriguez foi designado como o novo diretor do Comando Sul. A diretora anterior fez parte da última expedição junto com a Bióloga, e não foi uma das sobreviventes. Controle chega no primeiro dia de trabalho já para interrogar a Bióloga e tentar descobrir alguma coisa sobre o que aconteceu dentro da Área X.

Esse início foi muito bom, porque a forma como Aniquilação termina deixa você naquele suspense sobre o que aconteceu com a Bióloga, e PÁ!, ela foi encontrada pelo Comando Sul, junto com a Antropóloga e Topógrafa, que também voltaram. Só que, COMOASSEAM, se elas morreram no livro anterior?! Então, empolgação total com o começo do livro. Mas aí, logo em seguida as coisas começaram a desandar.

Foram capítulos e mais capítulos onde eu lia, lia, lia, e a sensação que eu tinha é que as páginas passavam mas eu não aprendia nada da história. Ou então que iam surgindo novas páginas enquanto eu ia terminando de ler as anteriores.

Controle misturava coisas do dia no trabalho no Comando Sul com lembranças sobre os pais. De certa forma era uma narrativa fragmentada como a da Bióloga, mas que parecia mais labiríntica do que elucidadora. Era como se Controle estivesse dando voltas e mais voltas em conceitos e perguntas sobre o Comando Sul e a Área X, mas sem conseguir realmente chegar a lugar nenhum.

Conspirações dentro de conspirações. Politicagem dentro de organizações governamentais. Hierarquias secretas entre os participantes das organizações. É tudo bastante confuso, e fico pensando que propositalmente é feito dessa forma, para emular a desorientação que o personagem também sente.

Se você terminou Aniquilação sabe que só existem perguntas e por mais que na orelha do livro diga que teremos respostas em Autoridade, sinto muito, eu não fiquei nem de longe satisfeita.

Em dado momento Controle passa a perceber que nunca teve realmente controle como diretor do Comando Sul. Só que a forma como isso é contado pro leitor eu achei bastante truncada. Não sei se consegui fazer as conexões junto com o personagem para entender como ele entendeu.

E a sensação de “terror” e angústia que Aniquilação me deu em suas poucas páginas só faz pequenas aparições ao longo do livro. Logo na parte final, quando a Área X começa a se expandir e a forma como ele conta que isso está acontecendo, aí sim eu voltei a experimentar a angústia que senti no primeiro livro, mas já estava praticamente acabando toda a jornada (conturbada) de Controle.

Não sei dizer se fiquei frustrada, porque eu realmente não sabia o que esperar desta continuação. Mas a sensação “ruim” de ainda não estar entendendo aonde o autor quer chegar é meio o que ficou no fim das contas. Ainda mais com o baita cliffhanger (praticamente literal) que Vandermeer deixa no final, o que me deixa irritada por não ter o terceiro livro em mãos para continuar a leitura.

Fica a sensação de que não foi tão bom assim, mas ao mesmo tempo, não consigo parar de ler essa série. Afinal, o filme que estreia em algum momento do ano precisa ter mais do que foi mostrado em Aniquilação. Veremos o que acontece no último volume, assim que conseguir colocar minhas mãos nele.


Outras resenhas da série

  • aniquilação - jeff vandermeer

Até a próxima! o/

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Parceria com a Editora Intrínseca

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