bate papo

Os personagens de Tartarugas até lá embaixo

7 nov 2017

Dando prosseguimento à Semana Especial Tartarugas até lá embaixo, hoje é dia de falar um pouco sobre os personagens do livro. Na resenha que postei ontem eu acabei falando bastante de Aza, que é a personagem principal e narradora da história, mas outros personagens também ajudam a construir a narrativa.

tartarugas até lá embaixo - john greenUma coisa que não comentei na resenha e que, pensando agora, foi interessante ao longo da leitura, é que eu não lembro de nenhuma descrição da aparência dos personagens. As únicas coisas que eu guardei são: Aza é magra e tem olhos castanhos; Davis é magro e também tem olhos castanhos; em algum momento da história Daisy corta o cabelo.

Acho uma decisão legal do John Green não criar traços marcantes para seus personagens porque de certa forma ele consegue “generalizá-los”. Qualquer um pode se identificar e “ser” Aza, ou Davis, ou Daisy. Eu lembro que a Stephanie Meyer também fez isso com a Bella em Crepúsculo, ou seja, a leitora podia se imaginar sendo a personagem principal do livro.

Outra coisa que é um super mérito do John Green é que ele sabe escrever e descrever adolescentes de uma forma bem convincente. Tudo bem que em alguns momentos eles tendem a escorregar para um viés pseudo-intelectualóide, mas fora isso, você acredita que eles são adolescentes mesmo.

Mas vamos conversar mais um pouquinho sobre cada personagem? Vou tentar o máximo possível não dar spoilers, tá? ^.~ (Eu podia fazer um casting dos personagens? Até podia, mas estou tão por fora dos atores jovenzinhos e famosinhos da vez que ia me dar mais trabalho do que satisfação escrever esse post…)

Aza

Nossa heroína! Que em muitos momentos está mais para uma anti-heroína ou quase vilã contra sim mesma. Aza tem esse nome diferente porque seu pai queria que ela fosse única, e que seu nome pudesse abraçar todo o alfabeto. De A a Z e de volta ao A.

Mora com a mãe, que é professora na escola onde estuda. Seu pai faleceu de um ataque cardíaco súbito, e Aza mantém seu contato com o pai vivo através de fotos que estão em um antigo celular que era dele. Quando ela tem algumas crises de ansiedade, navegar pelas fotos ajuda a tentar se acalmar.

Ela é uma jovem estudiosa e tira boas notas na escola. É a melhor amiga de Daisy, e por conta de coisas do destino, volta a ter contato com Davis, um amigo muito rico que mora do outro lado do rio.

Aza faz tratamento para sua ansiedade aparentemente há algum tempo com a Dra. Singh, mas ela tem dificuldades em aceitar que precisa tomar a medicação prescrita pela médica. Ela é a responsável por contar suas desventuras ao longo das páginas de Tartarugas até lá embaixo, e nos arrastar pela espiral de ansiedade que divide conosco.

Aza tem um hábito de “controle” um tanto quanto angustiante de sempre manter um machucado aberto na ponta de um dos dedos. Sempre que ela tem algum tipo de pensamento intrusivo, ela costuma conferir se o machucado está infeccionado e depois cobre-o com um novo band-aid.

Davis

Davis é filho de um milionário excêntrico que fugiu da polícia e deixou os dois filhos sozinhos. Um homem que deixa toda sua fortuna para uma tuatara (um animal pré-histórico e raro que aparece na história) tem que ser considerado, no mínimo, excêntrico. Davis conheceu Aza em um acampamento para crianças “órfãs”, uma forma de ajudar a se recuperar do trauma de perder os pais. Aza tinha perdido o pai e Davis a mãe, e juntos passavam as noites deitados olhando para as estrelas.

Depois que seu pai desapareceu e uma recompensa de 100 mil dólares foi oferecida para quem soubesse informações sobre sua localização, vários “amigos” reapareceram na vida de Davis. Nenhum realmente interessado em sua amizade, mas muito mais em tentar conseguir o dinheiro prometido.

Quando Aza volta para a vida de Davis, seu maior medo é que ela seja mais um desses sanguessugas. No fim das contas, Davis é um jovem que foi duplamente abandonado pelos pais, com a responsabilidade de cuidar do irmão mais novo, que não está lidando muito bem com toda a situação.

O que Davis quer mesmo é ser deixado em paz por todo circo da mídia. Ele quer escrever e quer amar alguém, que possa corresponder aos seus sentimentos.

Daisy

Daisy foi a personagem com quem tive a maior dificuldade de criar um vínculo. Ela me parecia muito expansiva, barulhenta, daquelas pessoas que gostam de ouvir a própria voz. Eu não conseguia entender como uma pessoa com a personalidade dela se aproximou e se considerava melhor amiga de Aza. Tem a questão também de ela ser “interesseira”, porque envolveu Aza no lance todo do desaparecimento do pai de Davis, só para tentar conseguir colocar a mão na recompensa.

Ela é fã de Star Wars e é conhecida no meio das fanfics por conta das histórias de romance que escreve entre Rei e Chewbacca. É. Não pergunte. Essa questão da fanfic dela foi uma das coisas que me deu mais angústia mais pra frente na história, e que gerou certo abalo na amizade das duas meninas.

Acho que uma coisa que me marcou bastante foi quando Daisy comentou que se ela tivesse ganhado a recompensa sozinha, provavelmente não dividiria com ninguém…

Mais para frente dá para entender que Daisy não é uma pessoa financeiramente privilegiada, mas mesmo assim, meu desgosto com a personagem já estava tão enraizado que eu não consegui construir empatia com ela…

A mãe e o pai da Aza

A mãe de Aza é bastante protetora, e em algum momento parece quase “opressiva” em sua necessidade de saber se a jovem está bem. Como ela é professora na escola onde Aza estuda, sempre pode dar uma conferida na filha, para avaliar a quanto anda seus nível de ansiedade. Aparentemente as duas tem um bom relacionamento.

Aza perdeu o pai quando era mais jovem e para mantê-lo sempre próximo e não se esquecer, ela criou um vínculo com o antigo carro do pai e com o celular que ele costumava usar. Quando Aza está estressada, ela costuma passar pelas fotos que o pai tirou no aparelho, uma forma de se reconectar com o pai e se acalmar.

Dra. Singh

É a psiquiatra que cuida da Aza já há algum tempo. A gente acompanha algumas sessões de terapia entre as duas, e a Dra. Singh sempre tem alguma coisa sensata para tentar falar para Aza. Na minha resenha, uma das citações que fala sobre loucura é da médica.

Ela parece genuinamente preocupada com o bem estar de Aza, mas tem que “lutar” contra a tendência da jovem de ser esquiva ao tratamento com a medicação.

Noah

Noah é o irmão mais novo de Davis e, dos dois, é o que parece ter sentido mais o desaparecimento do pai. Davis não sabe muito bem como lidar com a esperança que Noah tem de o pai voltar, de ele não ter abandonado os filhos.

Ao longo da história, Noah acaba sofrendo com mudanças de comportamento por conta de todo o sofrimento e depressão que está sentindo.


Uma boa história deve muito aos personagens que a contam. Aza fez um bom trabalho contando sobre suas tartarugas.

Até a próxima!

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