resenha

Meio Mundo – Joe Abercrombie

6 abr 2017
Informações

Meio Mundo

Joe Abercrombie

Arqueiro

série Mar Despedaçado #2

368 páginas | 2017

4.25

Design 4

História 4.5

14

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Os tolos alardeiam o que vão fazer. Os heróis fazem.

Thorn Bathu não é uma garota comum. Mesmo tendo sido criada numa sociedade machista, ela vive para lutar e treina arduamente há anos. Porém, após uma fatalidade, ela é declarada assassina pelo mesmo mestre de armas que deveria prepará-la para as batalhas.

Para fugir à sentença de morte, Thorn se vê obrigada a participar de um esquema do ardiloso pai Yarvi, ministro de Gettland. Ao lado dela se encontra Brand, um guerreiro que odeia matar, mas encara a jornada como uma chance de sustentar a irmã e conquistar o respeito de seu povo.

A missão dos dois é cruzar meio mundo a bordo de um navio e buscar aliados contra o Rei Supremo, que pretende subjugar todo o Mar Despedaçado. É uma viagem desafiadora, em que Brand precisa provar seu valor e Thorn fará o necessário para honrar a memória do pai e se tornar uma verdadeira guerreira.

Guiando os personagens por caminhos tortuosos em busca de amadurecimento e redenção, Joe Abercrombie mais uma vez nos maravilha com uma história grandiosa, que se sustenta sozinha por seu vigor, mas também dá continuidade à saga de Gettland e Yarvi. Finalista do prêmio Locus, Meio Mundo deixará o leitor na expectativa do desfecho desta série épica.

Design

Temos um mapa “pokemon” em Meio Mundo! Em comparação com Meio Rei existe uma evolução geográfica do mundo de Yarvi, ampliando o tamanho do Mar Despedaçado e mostrando uma nova parte do continente e outro mar a ser navegado.

E eu tenho que aprender a ler a rosa dos ventos quando for interpretar um mapa. Passei grande parte do livro não entendendo quando alguns personagens diziam que o povo de Gettland eram o nortistas, uma vez que eles estavam do lado esquerdo do mapa. Esquerda normalmente é oeste… (づ─⍘─)づ

Aí fui me tocar da orientação “real” do mapa através da rosa dos ventos, e ela apontava que o lado esquerdo na verdade era o norte… Daí em diante TUDO fez mais sentido. XD

De resto eu já falei sobre o projeto gráfico no primeiro livro, então é só dar uma passadinha por lá pra ver.


História

Eu simplesmente adoro quando um segundo livro de trilogia, que costumam ser amaldiçoados, me surpreende e se mostra uma continuação ainda melhor do que o primeiro.

Juro que vou tentar fazer uma resenha sem spoilers, mas fica o aviso que se você ainda não leu Meio Rei podem existir informações sobre o primeiro livro aqui.

Então, já começo chutando a porta e dizendo que Pai Yarvi agora é ministro do reino de Gettland e estão acontecendo movimentações políticas e religiosas ordenadas pelo Rei Supremo e sua ministra, Avó Wexen. Mas o interessante aqui é que Yarvi não é o personagem principal de Meio Mundo. Na verdade ele é praticamente um coadjuvante chique que, sim, tem um papel muito importante em todo o desenvolvimento e reviravoltas da trama (Yarvi é um personagem maravilhoso, diga-se de passagem <3).

Quem conduz de verdade a história de Meio Mundo são Thorn Bathu e Brand, dois jovens que foram treinados no quadrado de treino dos guerreiros, e ambos privados da honra de se tornarem um.

Thorn é a primeira mulher a conseguir entrar para o grupo de treino dos futuros guerreiros de Gettland, influenciada pelas histórias de bravura de seu pai. Brand é um dos “cadetes” mais fortes e capazes, mas ao mesmo tempo é gentil e quase inocente.

Como Pai Yarvi diz ao longo da história, enquanto Brand foi abraçado por Pai Paz, Thorn é amada por Mãe Guerra.

Meu maior medo quando comecei a ler Meio Mundo foi a representação que Joe Abercrombie faria de Thorn. Muitas vezes, quando um autor homem cria uma heroína guerreira, só coloca cabelos longos e peitos em um personagem que poderia muito bem ser um homem. E no início do livro achei que era isso que ele estava fazendo.

Thorn beirava o insuportável em sua autoconfiança, egoísmo, agressividade e sarcasmo. Tudo bem que o sarcasmo era interessante para dar uma certa dinâmica e humor à história. Seus diálogos com Pai Yarvi, e depois com sua Mestra para se tornar uma arma, são cheios de graça e dão uma certa leveza para uma história que poderia ser muito mais pesada e sombria.

O melhor de tudo é acompanhar o crescimento e a evolução de Thorn e Brand. Cada um fortalecendo suas principais características e qualidades, ao mesmo tempo que descobrem o quanto precisam ser flexíveis e cada vez melhores naquilo que acreditam.

E Thorn (e Abercrombie) me surpreenderam muito positivamente. Por mais que ela quisesse ser melhor do que todos os homens, o que ela descobre ao longo de sua jornada é muito mais sobre como ela precisa ser melhor do que ela mesma. Sua evolução e a descoberta de sua feminilidade dentro de toda a agressividade e brutalidade que possui e desenvolveu ao longo do tempo e treinamento é muito bonita de ver, e totalmente crível. É uma feminilidade que soma e acrescenta características à personagem, e não é utilizada para “diminuir” ou enfraquecer Thorn.

Gostei muito que Abercrombie conseguiu dar protagonismo e profundidade para Thorn e Brand, fazendo com que seus passados fossem pilares extremamente importante para definir suas personalidades. E também que ele teve a coragem que construir um final “feliz” dentro de uma situação desfavorável para todos os personagens.

A jornada de Yarvi, por mais que não tenha tanta expressão e prioridade aqui, também é importante. Ele agora pode ser um ministro, mas ainda assim, ele continua acreditando no principal juramento que fez no primeiro livro, e que é mais importante do que qualquer outro que tenha feito depois. Seu encontro com alguns personagens do primeiro livro é muito emocionante e deu até aquele apertinho no peito de dó.

Por fim, as cenas descritivas, tanto de batalhas quanto de acontecimentos importantes para os personagens, continuam sendo tão bem construídas que você consegue sentir o cheiro da grama molhada, o calor e umidade do sangue dos inimigos, a dor dos golpes durante os treinamentos de Thorn.

Estou MUITO ansiosa pelo fim da série Mar Despedaçado. Acho que é uma das melhores séries de fantasia sem pirotecnias, com uma pegada mais “jovem”, que eu já li. Continuo achando que, se você gosta de tramas políticas que estão ambientadas em um mundo medieval, Meio Rei e Meio Mundo são ótimas opções de leitura.


Outras resenhas da série

  • meio rei - joe abercrombie

Até a próxima! o/

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