resenha

Crepúsculo | Vida e Morte – Stephenie Meyer

9 mar 2016
Informações

crepúsculo | vida e morte

stephenie meyer

intrínseca

série crepúsculo #1

736 páginas | 2015

3.5

Design 3

História 4

14

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Crepúsculo

Isabella Swan chega à nublada e chuvosa cidadezinha de Forks – último lugar onde gostaria de viver. Tenta se adaptar à vida provinciana na qual aparentemente todos se conhecem, lidar com sua constrangedora falta de coordenação motora e se habituar a morar com um pai com quem nunca conviveu. Em seu destino está Edward Cullen.

Lindo, perfeito, misterioso ele é à primeira vista, hostil à presença de Bella – o que provoca nela uma inquietação desconcertante. Ela se apaixona. Ele, no melhor estilo “amor proibido”, alerta: Sou um risco para você. Ela é uma garota incomum. Ele é um vampiro. Ela precisa aprender a controlar seu corpo quando ele a toca. Ele, a controlar sua sede pelo sangue dela. Em meio a descobertas e sobressaltos, Edward é, sim, perigoso: um perigo que qualquer mulher escolheria correr.

Nesse universo fantasioso, os personagens construídos por Stephenie Meyer – humanos ou não – se mostram de tal forma familiares em seus dilemas e em seu comportamento que o sobrenatural parece real. Meyer torna perfeitamente plausível – e irresistível – a paixão de uma garota de 17 anos por um vampiro encantador.

Vida e Morte

O clássico de Stephenie Meyer revisitado 10 anos depois.

Novamente, os leitores vão se apaixonar pela arrebatadora história de amor de Bella e Edward… ou, quem sabe, será uma primeira vez. A edição especial de aniversário inclui um conteúdo extra e exclusivo: Vida e morte, nova versão em que autora inverte o gênero dos principais personagens.

Em Vida e morte os leitores vão se maravilhar com a experiência de ler a icônica saga de amor agora pelos olhos de um adolescente que se apaixona por uma sedutora vampira. Numa publicação ao estilo “vira-vira”, a edição comemorativa traz mais de 400 páginas de conteúdo extra, além da nova capa, com Crepúsculo de um lado e Vida e morte de outro. Os milhares de fãs de Bella e Edward não vão querer perder a oportunidade de ver seus tão queridos personagens em novos papéis.

Design

Fiquei muito decepcionada com a revisão de Vida e Morte. Foi impressionante a quantidade de erros de gênero ao longo do livro. Foram tantos que, contrariando o meu estilo de leitura, saí marcando a cada erro que percebi durante a leitura.

Erros do tipo:

“- O que Edythe Cullen queria? – perguntou ele na aula de trigonometria.

– Não sei. – Era a verdade. – Ele não chegou a dizer.

– Ela parecia meio zangada.” (p96)

Então, é, não consigo entender o que aconteceu. Não sei se foi pressa por publicar o livro, ou se foi algum tipo de descuido da revisão também.

Outra coisa é que eu não estou com meus livros da série original então não posso afirmar se houve alteração no projeto do miolo, mas aqui, em nenhum dos dois livros existe cabeçalho nas páginas. A mancha em si é bonita, mas acho que para aproveitar a altura da página preferiram retirar a área de informações do topo. Com isso, de certa forma se economiza folhas no livro, porque como a mancha é maior, você diminui o volume total de páginas do projeto gráfico.

Preciso confessar que eu, particularmente, não gosto de livros vira-vira. Eu preferiria enormemente que Morte e Vida tivesse sido lançado como um livro independente. Provavelmente foi uma decisão editorial atrelar os dois livros e assim aumentar o sucesso de venda que Crepúsculo já tinha sido.

As capas são complementares, ambas de alguma forma simbolizando a tentação com os personagens oferecendo uma maçã. No lado de Crepúsculo uma mão feminina segura uma versão vermelha da fruta, e no de Vida e Morte, uma mão masculina segura uma maçã verde.

Curti bastante que, mesmo mudando a fonte do título, os dois livros mantém o texto em caixa baixa. Gosto que em Crepúsculo a fonte é curvilínea e feminina enquanto que em Vida e Morte ela já é sans-serif e retilínea. Não consigo afirmar que é masculina, mas tem uma característica mais moderna.

Nos dois títulos tem também um tipo de hotstamping holográfico que dependendo da forma que a luz incide, ele brilha como a pele de Edward e Edythe. Chique.

Coisas que eu não gosto nas capas. Em Crepúsculo tem um box XI-CAN-TE ocupando o canto direito para dizer que tem um livro novo da autora. No lado de Vida e Morte, o código de barras é XI-CAN-TE no meio da parte inferior da capa… Sei que códigos de barras são obrigatórios e tem um tamanho mínimo para serem legíveis, mas esse é um problema do livro vira-vira. Sempre vão existir elementos obrigatórios que podem interferir no resultado final do projeto gráfico.

De resto, temos uma folha de rosto diferenciada para cada lado, cada um com uma foto diferente. Sumário com a mesma fonte do nome da autora na capa, cartinha de agradecimento aos fãs do lado de Crepúsculo e um prefácio no lado de Vida e Morte.

Só não consigo superar a questão da revisão. u.u


História

A editora Intrínseca meio que faz parte dessa minha vida de leitora desde 2009 mais ou menos, quando ganhei/comprei (agora não lembro) Percy Jackson e Crepúsculo.

Lembro de ter ido atrás de Crepúsculo porque vi o trailer do filme, que ia estrear em dezembro de 2008, e UAU!, eram vampiros! Na época eu cheguei a pegar um livreto de degustação, que tinha o primeiro capítulo do livro e eu meio que PRECISAVA ler. Inclusive fiz minha professora de pilates PRECISAR também. :P

No fim das contas, fui ver o filme, arrastei marido (que na época ainda era namorado) e irmão e ao final da exibição eles me perguntaram: “e aí, é igual ao livro?”. Minha resposta foi “não sei, ainda não li. :)”, seguida de caras de surpresa do tipo “e você me trouxe para ver sem saber se era bom?!”. Levei para ver todos os filmes, e meu marido continua me amando. :P

Não dá para falar de Vida e Morte sem comentar um pouco sobre Crepúsculo, mas esta não é uma resenha do primeiro livro de Stephenie Meyer. Eu lembro como foi na época. O preconceito, a agressividade, o desrespeito e a zoação quando você sem querer comentava que tinha lido o livro/visto o filme. “Porque Stephenie Meyer estragou os vampiros!” “Porque Stephenie Meyer não sabe escrever!” “Porque a Bella isso e o Edward aquilo!” “Porque team Jacob ou team Edward!” E por aí vai.

Sinceramente acho que Stephenie Meyer foi sim muito importante para a literatura YA. Ela aproximou os livros de muitos jovens, independente de gênero, fez com que se interessassem pela leitura e abriu novas portas para esses leitores. Com seu romance (mega) açucarado, seu vampiro perfeito e lobisomem sem camisa, criou uma horda de fãs ao redor do planeta. Ela fez algo parecido com J.K. Rowling, provavelmente em uma escala menor, mas mesmo assim atingindo muitas pessoas.

Eu me lembro de ter gostado bastante do livro, de não ter achado que ela escrevesse mal, de apesar da Mary Sue/Gary Stu eu gostava dos personagens. E me lembro de ter ficado triste com a polarização de “todos versus as crespuletes” (desculpem, não quero soar ofensiva, também sou crespulete). Tanto até que eu reli o livro anos depois, e me diverti na mesma medida, continuei com a mesma impressão da primeira leitura. Os livros seguintes podem ter sido “apelativos”? Totalmente! Mas o que dizer dos dois filmes que vieram depois de Matrix?

Agora, 10 anos depois do lançamento original de Crepúsculo a autora resolve fazer uma edição comemorativa, indo contra a expectativa dos leitores. Acho que todo mundo estava esperando Midnight Sun, mas E.L. James lançou Grey primeiro… Acho que isso de alguma forma “impediu” de Meyer lançar a visão de Edward de seu romance com Bella. Com a proximidade do livro do 50 tons, imagina a quantidade de pessoas que iria apontar o dedo dizendo que ela ia querer surfar no sucesso de Grey?! Detalhe que 50 tons era uma fanfic de Crepúsculo… quem está surfando no sucesso de quem?

No livro, Stephenie Meyer diz que queria provar para todo mundo que ela não criou uma donzela em perigo e que os acontecimentos de Crepúsculo funcionam para os dois gêneros. Portanto, para comemorar, ela trocou o gênero de praticamente todos os personagens da história e recontou o romance de Bella e Edward na voz de Beau e Edythe.

crepúsculo gif

Basicamente é o mesmo livro contado por um garoto. Mas, contudo, entretanto, todavia, não sei se por minha experiência com Crepúsculo ser tão marcante ou pelo estilo narrativo da autora, eu não conseguia “ouvir” Beau e imaginar um rapaz de 17 anos. O texto ainda era muito suave para a minha expectativa do que seria a voz de um garoto. Mesmo menos que Bella, ele ainda se perdia em pensamentos sobre a beleza de Edythe, sua obsessão pelas flutuações de humor da vampira, sobre seu cabelo/olhos/boca…

Juro que não era bem o que eu esperava. Essa sensibilidade e certa “fragilidade” (com muitas aspas aqui, por favor) em um personagem masculino não faz parte do meu universo. Tipo, total preconceito meu achar que homens não podem ser sensíveis, mas eu não conheço/não lembro de nenhum. Ou provavelmente nunca perguntei para um amigo, ou nem mesmo para o meu marido, o quanto ou de que forma eles sentem “o mundo”.

edward cullen

Ou ainda eu esteja lendo muito livros adultos em que o homem não costuma ser representado como um personagem sensível. Ele é o alpha, o macho, o provedor. Ele não sofre, isso é o papel da mocinha da história. Então, sim, foi um pouco estranho acompanhar a narrativa de Beau por pura falta de experiência e background de vida.

Outra coisa que me chamou a atenção na releitura. Ok! O público de Crepúsculo provavelmente é de adolescentes entre 12-16 anos, e eu não estou mais dentro dessa faixa etária (há muito tempo… :D). E provavelmente estou realmente mal acostumada com os romances que ando lendo… MAS! Existe uma certa questão física que não dá para evitar em se tratando de meninos/homens. Costuma ser visível e/ou sensível (no sentido de tátil) que eles estão “interessados”. Espera-se que Beau seja um garoto normal (fora sua incompetência para ficar em pé e dar um passo seguido do outro), mas ele não parece sofrer dos inconvenientes que um rapaz saudável de 17 anos sofreria ao ter seu “objeto de desejo” deitado sobre si, em sua própria cama. Talvez Edythe fosse tão fria que afetasse o funcionamento do amiguinho de Beau ao ponto de ele nem comparecer. O máximo que ele faz durante toda a situação, enquanto conversam inclusive sobre sexo, é ficar vermelho…

Agora, a autora se permitiu algumas poucas alterações estruturais na tramas que foram um pouco além da simples mudança no sexo dos personagens. Sem spoilers (eu acho), o final é completamente diferente, no sentido de “como seria Crepúsculo se não fosse uma série”. Você não sente falta dos lobisomens, porque eles estão presentes de certa forma na história também. Existe uma cena nova sobre a questão do baile de primavera que vai acontecer na escola. E um personagem ganhou uma história para o seu passado que eu não me lembro de existir na série original.

Então, para fechar essa resenha que já está meio longa. Apesar de ter gostado da história, dessa releitura crossgender, de rever os mesmos personagens com novas roupagens, não consigo realmente dizer se a história funcionou ou não para um narrador masculino, como era a intenção da Stephenie Meyer. Eu tendo a achar que não, mas isso vai de uma opinião completamente pessoal e totalmente sem fundamento científico. O que importa é que eu continuo gostando de vampiros. Sejam eles brilhantes ou não.

Para conhecimento, segue uma listinha dos personagens principais e suas contra-partes nesse novo universo.

Os principais

Bella >> Beau (Beaufort)
Edward >> Edythe
Jacob >> Jules

Os vampiros

Alice >> Archie
Jasper >> Jessamine
Rosalie >> Royal
Emmet >> Eleanor
Carlile >> Carine
Esme >> Earnest
Victoria >> Victor
James >> Joss
Laurent >> Lauren

Os amigos da escola

Eric >> Erica
Jessica >> Jeremy
Mike >> McKayla
Tyler >> Taylor
Angela >> Allen


Vamos de uma conversinha pós resenha, porque não deve estar grande o suficiente? Depois de ler Vida e Morte e enquanto escrevia essa resenha, fiquei saudosa do filme de Crepúsculo e fui ver no Telecine.

Tive sérios momentos nostálgicos enquanto via o casal na tela, mas MEL-DELZ, é assustador que Bella se interesse por Edward levando em consideração a forma como o filme é construído e conduzido. Ele trata ela super mal, é grosseiro e agressivo, e 15 minutos de filme depois eles tão miguxos?! Provavelmente a Bella não tem nenhum amor próprio. Se um rapaz me tratasse mal como Edward fez com ela, muito provavelmente NUNCA MAIS eu iria me relacionar com ele.

Ia fugir como o diabo da cruz, porque esse cara deve ser um doente mental. Ainda vem cheio de ameaças de que “não podemos ser amigos, você deveria se afastar”, e a resposta é “muito tarde para isso”? Mas quando vocês viraram amigos, fia? O.o

O romance é fofo, os dois funcionam juntos, mesmo com a Kristen Stewart não conseguindo ficar de boca fechada e sempre começando uma frase com um “ahn”. Mas ao mesmo tempo é tudo um pouco doentio… Acho que envelhecer está matando o “romantismo” dentro de mim… Ou eu estou ficando mais atenta e consciente que nem sempre o que nos vendem como romance é uma relação saudável entre um casal.


Até a próxima! o/

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3 Comentários

  • Responder Natasha 14 nov 2016 at 13:50

    Oi :)
    Adorei a resenha! Ficou incrível!
    Coincidentemente os pontos negativos que encontrei foram os mesmos que os seus! A inversão de gênero dos personagens até que ficou legal… Mas, assim como você, não consigo “ouvir” Beau contando a história, não consigo imaginá-lo kkkk. Talvez porque eu tenha lido crepúsculo demasiadamente e sou fissuradamente (Essa palavra existe?) apaixonada por Bella e Edward… E também levei uma pontada de desilusão, pois eu queria muito que fosse Midnight Sun :(

    • Responder Samara Maima 14 nov 2016 at 14:25

      Obrigada Natasha! Fico feliz que você tenha curtido a resenha. E se fissuradamente não existe, seu neologismo passa exatamente a sensação do volume da fissura, não se preocupe. ^.~
      Eu também era/sou fã de Bella+Edward mais do que com o Jacob, e ainda hoje acho bonito o romance idealizado que a Meyer criou. É daqueles que você gostaria que acontecesse com você em algum momento, né? o/

  • Responder Raissa Novaes 10 mar 2016 at 12:42

    Olá!

    Realmente os pontos que mais me incomodaram foi a revisão ou a não revisão, que me confundiu muito ao longo da história e o código de barras na capa. Gostaria também que fosse um único livro, ao invés de ser vira-vira.
    Achei interessante a mudança de gênero na história e gostei bastante do final.

    Parabéns pela resenha! =)

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