resenha

Fúria Vermelha – Pierce Brown

26 out 2015
Informações

fúria vermelha

pierce brown

globo livros

série red rising #1

468 páginas | 2014

4

Design 4

História 4

Fúria Vermelha é o primeiro volume da trilogia Fúria Vermelha, e revive o romance de ficção científica que critica com inteligência a sociedade atual. Em um futuro não tão distante, o homem já colonizou Marte e vive no planeta em uma sociedade definida por castas. Darrow é um dos jovens que vivem na base dessa pirâmide social, escavando túneis subterrâneos a mando do governo, sem ver a luz do sol. Até o dia que percebe que o mundo em que vive é uma mentira, e decide desvendar o que há por trás daquele sistema opressor. Tomado pela vingança e com a ajuda de rebeldes, Darrow vai para a superfície e se infiltra para descobrir a verdade. ‘Fúria Vermelha’ será adaptado para o cinema por Marc Forster, diretor de Guerra mundial Z.

Design

Esse é  o primeiro livro da Globo que li/leio/resenho e eu gostei do projeto gráfico. A capa não é original mas a adaptação ficou bem feita.

Gosto muito do contraste entre o fundo preto e as asas vermelhas, e a escolha de uma fonte estilo Trajan dá uma certa imponência para o título. Meu livro tinha soft touch quando comprei, mas acho que minha gordura natural acabou comendo e deixando o livro meio emborrachado ao invés de acetinado. ¯\_(ツ)_/¯

Outras coisas legais da capa. Aplicação de verniz localizado em toda a arte das asas vermelhas, incluindo a quarta capa; hot stamping no título, que também aparece na lombada (pena que o meu já gastou um pouco por conta do uso e do manuseio =/).

Não curti terem usado a quarta capa pra fazer jabá de um filme que nem tem previsão de sair, ao invés de colocarem uma sinopse. O quote do livro é interessante mas eu talvez precisasse de mais para comprar a história. Além disso, não tem a marcação de volume na lombada e vocês já sabem que eu curto essa forma de organizar meus livros.

Para fechar, a parte interna da capa tem uma chapada de preto que dá continuidade ao projeto externo e, na orelha que mostra a bio do autor, tem uma foto em que ele está beeeeem gatinho. ^.~

Quanto ao miolo eu gostei bastante também. Achei a fonte do corpo do texto muito bonita, criando uma mancha bem elegante. Ela tem umas maiúsculas marcantes, que lembram a fonte do título, e como conjunto ela é bastante legível.

Achei legal também a decisão de concentrar todo o conteúdo informativo do livro no rodapé. Então autor/título/paginação estão juntos na parte inferior da página, criando menos interferência visual na continuidade da leitura.

Mais coisas legais do miolo. No início do livro existe um mapa que até tem um pouco de spoilers sobre o posicionamento das casas mas que, à princípio, não dá para entender muita coisa. As aberturas das partes misturam a fonte do tipo Trajan para o título e uma sans-serif bold para o número. E as aberturas de capítulo, estão marcadas sempre na mesma altura, cerca de 1/3 do topo da página, que é o mesmo posicionamento do texto de abertura das partes. <3 Além disso, as primeiras palavras do parágrafo são na fonte sans-serif negrito, que também já aparece em vários outros elementos do projeto gráfico.


História

Uma das coisas que me faz querer pegar um livro e ler o mais rápido possível é o nível de empolgação das pessoas que leram e que me indicaram a leitura. Fúria Vermelha passou na frente de algumas pendências porque a empolgação e o frenesi que a Lygia (do Brincando com Livros) me passou depois de terminar foram contagiantes. “É tão bom quanto Silo!” Silo foi um dos meus top5 de 2014, então definitivamente foi uma boa forma de me convencer a pegar o livro o quanto antes.

Normalmente quando leio algum livro costumo dividí-lo em terços, que normalmente equivalem às três grandes partes do livro: início, meio e fim. Com Fúria Vermelha não foi bem assim. Me senti mais confortável em dividí-lo em quartos, por mais estranha que seja essa divisão. O problema aqui foi que eu realmente demorei a me envolver tanto com os personagens quanto com a história e somente no quarto final, quando tudo começa a se encaixar e se movimentar com mais velocidade para o clímax, que o livro finalmente me prendeu. E prendeu com força.

can't stop reading

Posso dizer que o livro começa méh e arrastado e colocar a culpa na contextualização do mundo, mas vou estar mentindo para vocês. A culpa toda foi de Eo, a esposa de Darrow. Odiei essa garota com todas as minhas forças desde o momento que ela abriu a boca e contou a que veio. Odiei ela em todos os momentos que Darrow pensava e lembrava dela. Eo é o motivo de todos os eventos que acontecem para a mudança de Darrow. Uma mudança que ele nunca desejou e que se questiona durante todos os 3/4 do livro que eu me arrastei.

O que também aconteceu foi que rolou uma grande identificação e empatia com o Darrow no começo do livro. Ele podia ser um baixoVermelho, mas ele tinha um objetivo, ele era “feliz”, casado com Eo, seu amor de infância (apesar de os dois só terem 16 anos), era o melhor Mergulhado-do-Inferno de seu clã. Ele não precisava de nada além do que já tinha, ele era conformado com sua Cor. Até o momento que Eo diz que ele sonha pequeno! A pessoa que ele ama e que ele quer proteger diz que ele sonha pequeno! Que ele tem capacidade de ser mais, de influenciar pessoas, de mudar o muuuundo!

Sério, vai se ferrar! Você magoa a pessoa que te ama, e ainda joga em cima dela a responsabilidade de realizar os SEUS sonhos?! JURA MERMÃO?! Nossa, eu fiquei muito incomodada com isso. Principalmente porque Darrow arrasta consigo essa responsabilidade! Ele passa a viver para realizar o sonho de outras pessoas, as responsabilidades que outras pessoas querem que ele assuma. E é por isso que ele é um herói relutante! Os 3/4 do livro que eu me arrastei foi seguindo esse Darrow, que queria voltar para seu “mundo comum”, e não estar na frente de batalha por outras pessoas. Porque eu totalmente me identifico com ele, que só quer sua casa, suas coisas, sua rotina, ser “comum”, e eu me sentia invadida e agredida junto com ele.

A história só me envolveu de verdade quando Darrow passa pelo o que equivaleria ao 8º pilar da Jornada do Herói, a Grande Provação. É nesse momento em que ele simplesmente abraça o que se tornou e visualiza o que precisa ainda ser para conquistar a vitória daquela situação. Aí sim, eu posso dizer que foi uma grande aventura, porque quando ele deixa de ser relutante, ele mostra realmente a força que tem como personagem (no meu caso, provavelmente eu morreria, mas isso não vem ao caso :P). Tudo bem que relutante ou não ele é sempre perfeito e infalível, sempre sabe a melhor forma de sair ou resolver uma situação, sempre tem tudo previsto e pensado… mas tudo bem, eu perdoo, porque eu até gosto de personagens assim, de vez em quando.

A temática básica em Fúria Vermelha é a degradação da sociedade. A humanidade se expandiu por vários corpos celestes de nosso sistema solar. No futuro temos tecnologia para terratransformar ambientes hostis e criar novas casas para os humanos. Só que para isso acontecer, a democracia foi extinta, e a sociedade dividida em castas, levando em consideração o tipo de trabalho para o qual você foi moldado. A casta mais baixa de todas é a de Vermelhos, eles são basicamente escravos das Cores mais altas, e são mantidos à parte de todas as informações sobre as conquistas estelares. Para eles, o trabalho que fazem todos os dias é para criar um planeta novo, no caso, um Marte reformulado, para que as demais Cores possam finalmente usufruir da transformação.

A Cor mais alta é a Ouro, e são essas pessoas que dominam todos as outras Cores abaixo. Não há como ascender, você é ligado à Cor na qual nasceu. Além disso, os Ouros lembram muito os Romanos nos seus tempos de glória, não só na forma como estruturam sua política, casas e tradições, mas também em seus nomes. Por exemplo: Nero au Augustus, ArquiGovernador de Marte. Para que haja uma mudança na sociedade, ela tem que partir de cima, tem que vir de um Ouro. E Darrow vai passar por uma dolorosa transformação para se tornar a arma que os rebeldes Vermelhos precisam para acabar com o sistema atual.

Não costumo gostar de livros que usam de comparação com outros mais famosos para galgar algum tipo de atenção, mas a construção da história de Fúria Vermelha realmente bebeu na fonte de Jogos Vorazes, Guerra dos Tronos, e ouso dizer, na de Percy Jackson também, quando o autor divide os Ouros em Casas Olímpicas. Encontrei algumas similaridades com essas obras, na questão dos jogos a que os jovens Ouros se submetem, na avaliação que é feita por seus “patrocinadores”, na guerra estratégica e política que os personagens precisam lutar, muito além do fio de suas espadas e do poder de seus socos. Encontrei semelhanças também na maneira crua, fria e descritiva de ações e movimentações dos personagens ao longo dos capítulos. Alianças e lealdades são testadas a todo instante, e o autor conseguiu me surpreender algumas vezes. Houveram momentos em que eu dava tudo por terminado, que o personagem tinha feito uma péssima jogada, mas Pierce Brown conseguia fazer um plot twist totalmente plausível e eu batia palmas mentais para ele.

clapping

Além de Darrown, e Eo que eu odeio, os personagens de apoio são absurdamente bem construídos, alguns inclusive que você adora odiar. Só que Sevro e Mustang me conquistaram bastante, mesmo com as múltiplas facetas que apresentam, mesmo eu achando que eles não eram confiáveis a cada virada de página.

Toda a questão política das Cores, seus lugares dentro da hierarquia, seus valores dentro da sociedade são muito bem definidos e explicados. A construção do mundo de Darrow é muito plausível e aceitável. A tecnologia avançada para justificar as mudanças de Darrow assim como toda a questão tribal e de guerra física e manual, utilizando armas e força bruta, durante o jogo dos Ouros é muito bem desenvolvida. O autor conseguiu fazer todas essas definições muito bem, além de ter um estilo narrativo muito fácil de ler e de acompanhar, mesmo quando a história está mais lenta.Pierce Brown
Não fosse o leitor ter que aceitar que Darrow é o predestinado porque outras pessoas querem, e ele arrastar sua relutância ao longo de mais da metade do livro, Fúria Vermelha teria arrancado praticamente 5 estrelas de mim.

Saldo final: queria ter dado uma nota maior por causa do trecho final do livro, mas tudo que veio antes não conseguiu me permitir isso. E não tem nada a ver com Silo, que eu ainda acho que é melhor do que Fúria Vermelha.

Para fechar, a Globo já lançou o segundo volume, Filho Dourado, e eu comprei o meu na Bienal, mas o terceiro livro só tem previsão de sair lá fora em 2016. E para as meninas, deixo a foto do autor do livro. ^.^


Até a próxima! o/

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