resenha

Mar da Tranquilidade – Katja Millay

16 jul 2015
Informações

mar da tranquilidade

katja millay

arqueiro

série ---

368 páginas | 2014

4

Design 3

História 5

Nastya Kashnikov foi privada daquilo que mais amava e perdeu sua voz e a própria identidade. Agora, dois anos e meio depois, ela se muda para outra cidade, determinada a manter seu passado em segredo e a não deixar ninguém se aproximar. Mas seus planos vão por água abaixo quando encontra um garoto que parece tão antissocial quanto ela. É como se Josh Bennett tivesse um campo de força ao seu redor. Ninguém se aproxima dele, e isso faz com que Nastya fique intrigada, inexplicavelmente atraída por ele.

A história de Josh não é segredo para ninguém. Todas as pessoas que ele amou foram arrancadas prematuramente de sua vida. Agora, aos 17 anos, não restou ninguém. Quando o seu nome é sinônimo de morte, é natural que todos o deixem em paz. Todos menos seu melhor amigo e Nastya, que aos poucos vai se introduzindo em todos os aspectos de sua vida.

À medida que a inegável atração entre os dois fica mais forte, Josh começa a questionar se algum dia descobrirá os segredos que Nastya esconde – ou se é isso mesmo que ele quer.

Eleito um dos melhores livros de 2013 pelo School Library Journal, Mar da Tranquilidade é uma história rica e intensa, construída de forma magistral. Seus personagens parecem saltar do papel e, assim como na vida, ninguém é o que aparenta à primeira vista. Um livro bonito e poético sobre companheirismo, amizade e o milagre das segundas chances.

Design

Essa não foi uma das capas boas da Arqueiro. =/ E eu queria TANTO que a média final total de Mar da Tranquilidade fosse 5, porque eu amei demais o livro. #chatiada

Assim, a arte da capa tem tudo a ver com a história de Nastya e Josh. A jovem adora sorvete, e pegar a sobremesa derretida e formando os perfis de duas pessoas foi ok como conceito, mas a execução final deixou a desejar. É quase como se usassem aquele tipo imagens para testar se você vê a taça ou os rostos na capa, sabem? u.u

Aí você usa uma fonte quase cursiva no título e coloca cor de rosa para deixar feminino e o nome da autora usa uma fonte romana… sei lá. Ficou desconexo, ficou faltando a profundidade dos personagens representada, ficou faltando emoção na capa. Sorvete derretido, rostos e fontes genéricas não passam a profundidade e a força que a história tem. Não fosse pela sinopse, eu não teria escolhido o livro como leitura, porque a capa não me atraiu.

Quanto ao miolo, é o padrão da Arqueiro, sem novidades aqui. Fonte grande, legível, boa ocupação, sem cabeçalho… essas coisas. ^.~


História

Mar da Tranquilidade me destruiu. Me destruiu muito mais do que a Culpa é das Estrelas pode ter me destruído na época que o li. Terminei a leitura desidratada e catando os pedaços do meu coração e da minha alma que ficaram estilhaçados ao longo da leitura.

Identificação com os personagens é uma merda. Principalmente quando os personagens sofrem e você se identifica de alguma forma com o sofrimento. Agora, se identificar com os dois personagens principais ao mesmo tempo, é pedir para ser empurrada para o fundo do poço sem chance de sair de lá até o final. Seja ele ruim ou bom.

Quando a história de Nastya e Josh começa, você consegue prever que o desastre já está apontado para os dois, e se dirigindo à galope, com a função de destruir seus sentimentos. Mas mesmo sabendo que “vai dar ruim”, mesmo com toda a blindagem do seu coração para aguentar a carga dos personagens, acreditem-me, não dá. É muita tristeza e sofrimento. Demais mesmo. E eu não entendo como os dois conseguiram sobreviver a tudo.

Katja Milay conta a história de Nastya e Josh pela ótica pessoal dos dois personagens, alternando suas vozes ao longo dos capítulos. Josh divide com o leitor e com Nastya sua bagagem e seus segredos mais cedo, contando sobre sua família, seu “campo de força” e “zona morta”, sua obsessão por carpintaria, e sua necessidade de ser salvo/salvar alguém. Seu medo de ser abandonado, de novo.

Já a história de Nastya é mais fragmentada, e percorre um caminho muito maior até a revelação do que aconteceu realmente com ela. E quando você descobre, é o prenúncio do fim, porque aquele “vai dar ruim” já está tão próximo que falta pouco para a nossa destruição.

Acompanhar a história dos dois é muito sofrido, muito lindo (por mais paradoxal que isso possa parecer), ao mesmo tempo que você torce pelo momento da redenção. Josh e Nastya são tudo aquilo que eles menos queriam mas mais precisavam. Eles são tão quebrados e distorcidos no próprio mundinho, e acreditam tanto que não podem ser felizes, que são os próprios destruidores de suas esperanças.

Quando se passou por tanto desastre pessoal, quando se perdeu tudo e todos, quando não há mais esperança, por que você acreditaria que merece alguma coisa de bom? Por que você não simplesmente escolhe ser outra pessoa, alguém novo, reconstruir sua pessoa, renascer, enquanto tenta “de fora” conseguir consertar tudo aquilo que está quebrado. Por que você vai se envolver com outras pessoas, por que vai querer interagir com elas, por que vai querer até mesmo falar com elas? Por que você vai querer estar aqui, vivo, neste mundo?

A partir do momento que Josh vê Nastya e Nastya vê Josh, eles sabem. Sabem que ambos dividem toda uma carga de sofrimentos, e que talvez, a escuridão de suas almas tenha encontrado um companheiro à altura. O tempo que passam juntos, as escolhas que fazem, seus diálogos, suas pequenas confissões e segredos, toda a esperança que a autora dá para o leitor que até mesmo eles tem chance, é o que nos destrói no final. Porque quem está quebrado não se permite enxergar fora de sua dor, não se permite existir fora de sua bolha de sofrimento, não se permite ser feliz. E, mais uma vez, é isso que nos destrói no final.

Acho que eu nunca vou superar Mar da Tranquilidade. Em todo as suas 368 páginas eu sofri, e torci, e chorei, e me desesperei, e tive esperanças. O livro é lindo, é triste, não é para os “fracos”, e nem para as meninas em dia de TPMs depressivas (confiem em mim, eu sei o que estou falando). A história tirou de mim alguns sentimentos autodestrutivos que estavam enterrados bem lá no fundo e a TPM não ajudou muito também. Então, se você tem alguma faceta naturalmente depressiva, deixe para ler em um momento feliz para não ser sugado pelo vazio da tristeza, ok? Fora isso, por favor, leiam! Entrou para os meus favoritos, e me fez sentir muito mais triste do que qualquer livro dramático que eu já tenha lido até hoje, ao mesmo tempo que me deixou muito feliz por reencontrar meus momentos mais destrutivos e perceber que, dá sim, para voltar para o topo do poço.

Suffering

E agora vocês vão me dar licença que tenho que ir ali terminar de colar meu coração e enterrar de volta todos os sentimentos autodestrutivos que ainda estão soltos por aqui. =/


Até a próxima!

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