resenha

A Playlist de Hayden – Michelle Falkoff

8 jul 2015
Informações

a playlist de hayden

michelle falkoff

novo conceito

série ---

288 páginas | 2015

3.5

Design 3.5

História 3.5

Depois da morte de seu amigo, Sam parece um fantasma vagando pelos corredores da escola, o que não é muito diferente de antes. Ele sabe que tem que aceitar o que Hayden fez, mas se culpa pelo que aconteceu e não consegue mudar o que sente

Enquanto ouve música por música da lista deixada por Hayden, Sam tenta descobrir o que exatamente aconteceu naquela noite. E, quanto mais ele ouve e reflete sobre o passado, mais segredos descobre sobre seu amigo e sobre a vida que ele levava.

A PLAYLIST DE HAYDEN é uma história inquietante sobre perda, raiva, superação e bullying. Acima de tudo, sobre encontrar esperança quando essa parte parece ser a mais difícil.

design

Sou fã de capas vetoriais e tipográficas, já comentei algumas vezes por aqui. Mas fora a imagem dos jovens dividindo o headphone, eu não sei se gosto do resultado final de A Playlist de Hayden. Não sei se foi a textura de fundo, não sei se é a fonte fantasia no título com essa grafismo de pinceladas grosseiras, ou esse tom de azul meio morto e sem presença…

Playlist of the dead - Michelle Falkoff - HarperCollinsA ilustração não é original da Novo Conceito, a capa é a mesma lançada pela Harper Teen adaptada para nossa terrinha, mas confesso que a capa da Harper Collins é muito mais interessante visualmente e funciona melhor como ideia da história do livro. Quando vi a nossa capa, eu achei que a história era sobre o relacionamento de um casal através da música, e não é bem disso que a história trata.

Apesar da capa não ter me conquistado, achei a quarta-capa bem interessante, mesmo não tendo a sinopse propriamente dita. Tudo bem que eu acho que não precisava do quote da autora que não tem nenhum livro publicado no Brasil, mas né… Só a imagem do papel de caderno rasgado já seria instigante o suficiente para você abrir o livro e ler as orelhas.

O miolo é bem correto, com uma fonte agradável e legível com uma mancha bem arejada, cabeçalho com nome da autora e título do livro reutilizando as fontes da capa, uma marcação diferenciada para quando são transcrições de conversas em bate-papos digitais. Mas o que eu achei interessante são as aberturas de capítulo com o título da música tema e o artista, além de uma nota de rodapé com a tradução para aqueles que não conhecem muito inglês.

A única coisa que me incomodou foi o ícone que utilizaram para marcar o “play” da música que achei que está desequilibrado. O triângulo no centro do círculo ficou muito equilátero e grande, então fica visualmente fora do centro óptico do círculo, mesmo que “metricamente” esteja corretamente alinhado. Frescuras, frescuras, talvez… :P


história

A Lista de Hayden tinha tudo para ser um livro trágico e sensível como Mar da Tranquilidade (Katja Millay), mas algumas coisas não funcionaram muito bem, e o resultado final não foi tão agradável quanto.

A autora toca em temas difíceis e complexos como suicídio, bullying, adolescência, introspecção, a dificuldade de fazer amigos e de pertencer… Sobre como você continua vivendo quando seu melhor amigo, a única pessoa com quem você divide tudo, simplesmente não está mais ali. E você não faz ideia do porquê ou “de quem” é a culpa.

O livro começa acompanhando Sam depois que ele encontra seu melhor amigo Hayden morto, no dia seguinte de uma festa onde tudo deu errado, e Sam nem entende direito porquê. Ele só sabe que se sente muito culpado, como se a morte de Hayden fosse em parte responsabilidade sua.

Os dois eram uma dupla nerd/geek do colégio, que todos adoravam ignorar, e que sofriam bullying do irmão mais velho de Hayden e seus amigos jogadores de futebol americano (sempre eles, mais esteriótipo impossível). Tanto que Sam acusa o irmão mais velho de ser diretamente responsável pelo que aconteceu com seu melhor amigo.

A única “explicação” que Hayden deixa para Sam é uma playlist de músicas, dizendo que elas vão ajudá-lo a entender. A lista tem músicas que Sam não reconhece como sendo do gosto do amigo, que não entende como podem ter ido parar numa seleção feita por ele.

Cada música é o título de abertura da história de Sam, e “embala” o tema que é desenvolvido em cada um deles. Ao longo do livro, Sam começa a busca pelos reais motivos que levaram Hayden a tomar a atitude que tomou, tanto para tentar aliviar a sua culpa e voltar a ter noites de sono normais, quanto para descobrir quem está por trás dos ataques sofridos pelo trio que assediava os dois garotos.

Com tanta coisa acontecendo na vida de Sam, ele não tem certeza que os ataques não tenham sido feitos por ele, em algum momento alucinado de bebedeira ou de privação de sono. Sam também tem que lidar com a perspectiva de começar a fazer novos amigos e até mesmo se apaixonar, por uma menina que tem quase tantos segredos e mistérios quanto Hayden gostava de construir para si.

Astrid é uma personagem misteriosa que entra na vida de Sam, inicialmente como se fosse um segredo que Hayden nunca contou ao melhor amigo (como assim ele falava com uma garota como Hayden), mas ela se transforma no interesse romântico de Sam. Só que ela tem algumas camadas que vão se apresentando conforme ela se torna mais presente na vida do jovem.

Achei o livro meio lento, a construção do desenvolvimento da amizade de Sam e Hayden toma grande parte do terço inicial, e ele só pensa em explicar o que aconteceu na festa fatídica lá pelo meio. Depois, ainda de forma lenta, ele vai montando o resto do quebra-cabeças daquela noite, pela participação de outros personagens, e é quando você percebe que todos, de certa forma, foram responsáveis pela decisão de Hayden.

Na verdade, a decisão de Hayden foi dele mesmo. Todos os acontecimentos podem ter ajudado de alguma forma o personagem acreditar que não existia nenhum espaço para ele nessa vida. Mas o que fica são as pessoas que tem que lidar com todas as coisas que (não) disseram/fizeram que podem ter atingido o garoto no fim das contas. Os “e se” que vão assombrar os personagens pelo resto da vida.

É uma história de descobertas e de superação, de confiança e de traição. Mas eu achei o final um pouco fraco em comparação com o desenvolvimento da história. E achei que o responsável pelos ataques físicos aos meninos do bullying não ter sofrido nenhum tipo de reprimenda ou correção algo muito errado. É como se fosse tudo bem a lei do “olho por olho”, e se não houver um culpado não há punição. Sam foi extremamente conivente e irresponsável ao não denunciar o culpado.

Bem, de qualquer forma, fiz uma playlist no Spotify com todas as músicas que “tocaram” ao longo da história. Se quiser ouvir, é só clicar neste link e entrar no clima.


Até a próxima! o/

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