resenha

Uma Visão do Fogo – Gillian Anderson, Jeff Rovin

17 fev 2015
Informações

uma visão do fogo

gillian anderson, jeff rovin

fantasy

série saga do fim do mundo #1

304 páginas | 2014

4

Design 4.5

História 3.5

O primeiro romance de Gillian Anderson, protagonista da série Arquivo X no papel da agente Scully, é um thriller de ficção científica de proporções épicas.

A especialidade de Caitlin O’Hara, uma renomada psicóloga infantil, é ajudar crianças e jovens que sofreram algum tipo de trauma. Mas sua vasta experiência é desafiada quando Maanik, filha do embaixador da Índia na ONU, começa a ter visões, falar línguas desconhecidas e se autoflagelar em uma espécie de transe. Caitlin tem certeza de que os ataques estão ligados à recente tentativa de assassinato do pai da menina, fato que provocou uma tensão nuclear entre Índia e Paquistão. Mas quando adolescentes de outras partes do mundo começam a ter visões semelhantes, Caitlin percebe que uma força oculta pode estar por trás do fenômeno…

Sob a iminência de um conflito global, Caitlin terá que viajar por diversos países em busca de possíveis ligações paranormais entre os incidentes a fim de salvar não apenas sua paciente, mas talvez o mundo.

design

Os projetos da Fantasy/LeYa costumam ser muito bem desenvolvidos. O resultado da capa de Uma Visão do Fogo consegue ser original e mais interessante do que sua contraparte americana. Apesar da grande quantidade de elementos (autores, título, série, número do volume e logo da editora), eles conseguem ser bem equilibrados e hierárquicos, e ainda darem espaço para a imagem “colérica” do fogo no fundo. Sem a necessidade de várias fontes diferentes, só trabalhando o peso (regular, bold e light) em cada elemento, valorizando e focando no que tem que ser mostrado. Eu particularmente preferiria um relevo seco no título do livro ao invés da aplicação de verniz localizado. Achei que ela perde um pouco do efeito na fonte branca.

Lombada e quarta-capa também são muito elegantes, com todos os elementos que costumo gostar e procurar em um livro, número do volume na lombada para ajudar a guardar na estante, sinopse e quote para direcionar o leitor. Ainda bem que tem o desenho do “nó celta” que é falado tantas vezes ao longo da história, sem essa representação eu não conseguiria visualizar o que estava sendo descrito. Parabéns também para as orelhas relativamente grandes, ocupam uns 3/4 da capa e quarta-capa, e pela chapada de laranja na parte interna. Uma pena que ela perde um tiquinho da força exatamente por essa orelha tão grande.

O projeto só ficou me devendo no miolo, ao não utilizar a área do cabeçalho para as “informações de stalker” com o título e nome do autor. De resto, as aberturas de partes são sempre ilustradas com o símbolo da quarta-capa e todas as aberturas de capítulo vem com o número por extenso, usando a mesma fonte de todos os elementos da capa, valorizando ainda mais a escolha da família tipográfica. A fonte é bem legível e equilibrada na mancha, com boas margens laterais mas, uma vez que não se usou a área do cabeçalho, talvez as páginas pudessem ter ganhando uma linha de conteúdo, diminuindo o volume total de páginas do livro. Uhn… mas talvez isso desequilibrasse as margens interna/externa… Pena, quase leva 5 pontos em design. ^.^


história

Entre meus 13-15 anos, além de fãzoka de Cavaleiros do Zodíaco e Sailor Moon, eu adorava acompanhar os episódios de Arquivo X. Como na minha casa não tínhamos TV à cabo, me contentava com os episódios que passavam nas noites da Record. Ao mesmo tempo que morria de medo dos casos que os agentes Mulder e Scully tentavam resolver ao longo da temporada, eu adorava a dinâmica e química dos dos personagens.

Não consegui ver as 9 temporadas naquela época, acho até que meus pais não curtiam muito que eu visse o seriado que era “muito sombrio e assustador” para uma adolescente. Estou correndo atrás do prejuízo hoje em dia por incentivo de uma querida amiga e antes que a Netflix decida tirar o seriado do ar. Rever meus personagens está sendo uma das coisas mais deliciosas da “TV” hoje em dia.

Que maravilha não foi descobrir que Dana Scully Gillian Anderson estava se aventurando no mundo literário também! Junto com Jeff Rovin (que o Goodreads me contou que escreveu vários livros com Tom Clancy) a maravilhosa atriz resolveu escrever uma trilogia com um cheiro de Arquivo-X e uma personagem completamente refletida em seu antigo alter-ego.

Dana Scully

Queria ter gostado mais de Uma Visão de Fogo, afinal é da Gillian! <3 Mas 3.5 não é uma nota ruim, vá! O que acontece aqui é que o livro conta duas histórias paralelas, que não se encontram em quase nenhum momento (óbvio, porque são paralelas… retas paralelas só se encontram no infinito… :P), sendo somente explicitado que podem realmente entrar em colisão no epílogo. Tipo… no epílogo! Como uma desculpa para que você tenha que comprar o próximo livro. =/

Assim, a personagem principal é interessante e carismática, como foi a Dana Scully interpretada por Gillian, mas muitos acontecimentos e grande parte do mistério que envolve toda a trama continua sendo um mistério confuso ao longo das páginas. Não achei que existiu uma construção palpável e contínua do conhecimento e da solução para o leitor junto com a personagem. Ela surge com o resultado, mas não consegui acompanhar como ela chegou lá.

She's a medical doctor

Caitlin (Scully) é uma psicóloga/psiquiatra especializada em esquizofrenia em adolescentes e a pessoa a quem Ben (Mulder), tradutor principal da ONU nas questões Índia/Paquistão, recorre quando a filha do embaixador da Índia começa a apresentar um quadro pós-traumático que vai além da compreensão. Caitlin se envolve com o caso da menina, aparentemente sem solução, e acaba descobrindo outros dois adolescentes que apresentam os mesmo sintomas em partes diferentes do mundo. Assim como sua contraparte do Arquivo-X, Caitlin não poupa esforços nem contatos para poder viajar e tentar encontrar similaridades e uma possível cura para a jovem indiana.

O melhor de tudo para mim na atuação de Caitlin e sua capacidade espetacular de hipnotizar facilmente qualquer pessoa que ela precisa. É quase como se fosse um “tapa de chéssus” que dá uma amansada durante as crises dos personagens. XD

Lá pelas tantas você começa a entender o que acontece com Maanik, a jovem que tem os ataques “psíquicos”, mas o porquê e o como ficam um pouco no ar. Durante boa parte da leitura você se envolve mais com a tensão do possível conflito entre a Índia e o Paquistão e com as descrições dos ataques psíquicos (que são bem tensas) do que com os personagens, sejam eles principais ou secundários. Nâo consegui entender como a dra. Caitlin desenvolve as capacidades “extrasensoriais” que acaba apresentando, e fiquei um pouco perdida nas descrições de cenas tensas, que deixaram a desejar.

Além disso existiam as quebras de capítulo para falar da história paralela que normalmente não me acrescentavam muito, só mais questões para a história, e nem desenvolviam o que estava acontecendo no núcleo Caitlin.

Por isso, em muitos momentos da leitura o meu maior medo era que o livro terminasse como Os Três, já que todo o desenrolar da história me parecia lento, sem indicação de solução. Ou até mesmo como algum episódio de Arquivo-X em que Mulder e Scully corriam para todos os lados, fugiam do “bicho papão”, mas voltavam para casa cansados e sem nenhuma prova ou explicação para todos os acontecimentos. No fim das contas, o final do livro fica muito corrido, cheio de soluções e ligeiramente confuso, quando os autores resolvem jogar tudo de uma vez na cara do leitor, com explicações relativamente místicas, e não necessariamente palpáveis.

Mas não me entendam mal. Para uma primeira experiência literária, o estilo narrativo apesar de lento é agradável de acompanhar e o contexto da história é interessante. Loucásso mas interessante. Os personagens principais, Caitlin e Ben beberam um pouco em suas contrapartes do Arquivo-X mas eu não me importo nem um pouco. Ficava mais fácil de visualizar os personagens. Não fosse a demora para fazer com que o leitor chegasse na mesma compreensão que Caitlin, ou essa história paralela que quebrava o ritmo e não acrescentava quase nada para a trama principal, eu teria dado uma nota maior.

De qualquer forma, espero pelo próximo livro, para saber o que mais pode trazer o Fim do Mundo e como a dra. Caitlin vai salvar o dia. ^.^


Até a próxima! o/

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