resenha

O Tesouro dos Pródigos – Paul Stewart e Chris Riddell

30 out 2014
Informações

o tesouro dos pródigos

paul stewart e chris riddell

id

série wyrmeweald #1

432 páginas | 2011

3.25

Design 3.5

História 3

Micah, um jovem explorador, está decidido a encontrar sua fortuna e parte em uma busca nas terras altas do Wyrmeweald. O local é habitado por Wyrmes, criaturas ferozes e apavorantes, e oferece muitos perigos aos que o atravessam. Embora não seja um lugar para seres humanos, Micah encontra ali companheiros e inimigos para a vida toda, além de descobrir algo mais cobiçado que qualquer Tesouro dos Pródigos. Um único ato impensado pode transformá-lo em vilão; porém, no Wyrmeweald, sempre há uma chance de se tornar herói…

Semana Fantástica iD

Design

O Tesouro dos Pródigos é um dos livros mais bonitos da iD que já tive a oportunidade de ler. No começo me assustei um pouco com a quantidade de páginas, mas se você folear o livro, vai perceber que a mancha do miolo é um pouco bizarrinha, e por causa disso ele alcança as 432 páginas. Mas estou me adiantando.

A capa do livro é uma adaptação da capa original de Wyrmeweald, com uma ilustração rebuscada que me lembra o estilo do Luis Royo (não conhece? Clique aqui, mas é um conteúdo para 16+). Além disso, todo o corpo do dragão e da moça montada nele tem aplicação de um hotstamping prateado para criar a ilusão das escamas do wyrme. A fonte usada no título e nos nomes dos autores me remete um pouco a uma pegada western, principalmente se você levar em consideração o estilo do desenho da capa, com as montanhas escarpadas e os tons de laranja. Mas não se enganem, a história não tem praticamente nada a ver com faroeste. :)

Vamos ao miolo. Tive uma relação de amor e ódio com a marcação desse miolo, sabem? Amor porque toda a abertura de capítulo possuiu uma ilustração diferente, e ela ocupa verticalmente toda a página. Por causa dela, a mancha gráfica é diferenciada, mais comprimida no centro da página, criando uma margem lateral maior. O ódio vem exatamente dessa mancha mais estreita, que continua em todas as páginas sem ilustração. Achei que o projeto gráfico podia ter duas manchas para um melhor aproveitamento de papel, além de criar uma estrutura realmente diferente entre esses elementos do livro, a abertura de capítulo e as páginas normais.

Uma pena, no fim das contas. Se o projeto tivesse esse cuidado teria levado facilmente nota máxima em design.

Fora isso, apesar das ilustrações ajudarem (e muito) o leitor conseguir visualizar os wyrmes, senti falta de um mapa para localizar os personagens durante a aventura. Mas gostei bastante de a editora assumir e manter os termos em inglês, quase como se fossem palavras do idioma do livro, que não precisa de tradução. Ela simplesmente é aqueles fonemas.


História

Uma das coisas que caracteriza uma história de fantasia é a contextualização de um mundo completamente diferente do nosso. E isso tem que ser feito de uma forma que seja verossímel ou aceitável para o leitor. Além disso a construção do background dos personagens é um dos pilares mais importantes para gerar interesse no leitor (isso na verdade para qualquer tipo de gênero, não é?).

A forma como os autores fizeram essas duas coisas em O Tesouro dos Pródigos quase me fez desistir da leitura. Acho que o problema é que eu cheguei e passei da página 100 e ainda não tinha entendido o que era o Wyrmeweald, não sabia qual era a motivação de Micah (o personagem principal), não entendia quem era “mocinho” quem era “vilão”… A forma como a narrativa é construída também não ajuda muito no início, com capítulos de flashback no meio de um acontecimento do capítulo anterior, e aí, no seguinte não tem mais nada a ver com o que foi mostrado em um outro…

Também demorei a criar empatia pelos personagens. Acho que pela forma de apresentação deles ter sido confusa e eu demorar a entender quem era quem na história toda. E tem os wyrmes. Fui procurar no oráculo, porque sempre achei que wyrmes eram um tipo de dragão, mas mais parecidos com serpentes, como os da mitologia Chinesa.

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Os autores meio que tiveram a liberdade de criar os seus próprios, fugindo do que é conhecido em grandes fontes de fantasia como o Dungeons & Dragons, Dragonlance ou Magic: The Gathering. No universo do livro, os wyrmes são descritos de várias formas “draconônicas” e “serpentárias”, e para ajudar a imaginá-los as páginas estão povoadas de ilustrações, que ajudam muito a progredir da narrativa.

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No fim das contas o que eu entendi da história toda foi o seguinte.

Existe a planície, que é o lugar de onde o Micah e muitos outros wyrmekiths são originários. E existe o Wyrmeweald, que é o lugar onde os vários tipos de wyrmes vivem. Os wyrmekiths são caçadores de wyrmes que utilizam os espólios dos “dragões” para gerar fortuna. O sonho de muitos desses caçadores é conseguir o tesouro dos pródigos para poder voltar para a planície ricos.

Ao mesmo tempo, o Wyrmeweald é uma terra extremamente selvagem e perigosa, não só por todas as raças diferentes de wyrmes que existem mas pela competição entre os próprios wyrmekiths. Além disso, existem um tipo muito especial de wyrme e de pessoas, que são escolhidas por eles, e se tornam wyrmekins. São “cavaleiros” de wyrme, que se unem em uma ligação muito profunda com seus “dragões” e protegem os ovos que são colocados para chocar no Wyrmeweald.

Micah era um jovem de uma fazenda da planície até o dia que decide ir para o Wyrmeweald para fazer fortuna. A história começa acompanhando o rapaz (que eu não consegui precisar uma idade) nos seus primeiros e difíceis dias no planalto dos wyrmes. Como falei, foi difícil de me envolver com Micah e sua busca aparentemente sem sentido no Wyrmeweald. Em muitos momentos ele parece muito ingênuo e jovem. Em outros ele é tão independente e agressivo que não parece o mesmo personagem.

O livro só começa a fazer realmente sentido quando a história do wyrmekith e escalador de paredes Eli e da wyrmekin Thrace se relaciona com a de Micah e, juntos, passam a ter um objetivo em comum. Mas mesmo assim nenhum dos três personagens é profundo ou interessante o suficiente para você se importar com eles.

Li tudo até o fim, acabou que existe ali um “misteriosinho” interessante, o universo é um pouco mais explicado, mas apesar de tudo não achei que justifica uma série com outros dois outros livros. A narrativa é um pouco lenta e isso pode atrapalhar alguns leitores mais acostumados com livros mais dinâmicos.


Até a próxima! o/

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