resenha

uma mulher, um homem, um drink – Natalia von Poser

15 maio 2014
Informações

uma mulher, um homem, um drink

natalia von poser

livros ilimitados

série ---

212 páginas | 2013

4

Design 3.5

História 4.5

Paula é uma psicóloga carioca que seleciona funcionários para telemarketing e conduz profundas pesquisas sobre marcas de margarina e finais de novelas. Ricardo é um ex marqueteiro que um dia desisitiu de tudo para ser um feliz professor. Uma tarde, eles se encontram em uma noite quente de pré-carnaval no apinhado bar do aeroporto da cidade da garoa. Ricardo olha Paula, Paula não vê Ricardo. Ricardo oferece um drink àquela estranha que destoa de todo o cenário apressado e estressado paulista. E a partir daí, três histórias se desenrolam. Histórias que acontecem naquela única noite e que se alternam entre restaurantes da moda, casas de suingue, escolas de samba, e taxis. A partir daquele drink, as vidas de ambos e de todos que os cercam – o noivo, a melhor amiga, um garçom e mesmo um bebê vão ser postas à prova por um golpe do destino.

design

Como qualquer livro que faz parte de uma coleção, Uma Mulher, um Homem, um Drink segue uma identidade visual única criada para uniformizar todos os que fazem parte. Mas o problema da uniformização de uma arte é que ela pode não funcionar para todos os temas/autores já que eles podem variar bastante de um livro para outro.

Particularmente achei a capa bem fraca e não me atrairia em uma livraria. Não cria aquela curiosidade ou vontade de pegar para ver qual é. Esse background com o padrão dos corações “pintados à caneta” é relativamente sem graça. =/ Acho que se ao invés disso, tivessem deixado uma chapada desse tom de vinho e só um coração para ilustrar ela já ganharia mais pontos de atratividade.

Em compensação o miolo é muito bom! Com aberturas de capítulos e divisões internas que deram um ar de modernidade, fiquei bem impressionada com o resultado. Tamanho de fonte e entrelinha perfeitos para a leitura com uma ótima e extremamente legível família no miolo. Os títulos dos capítulos trabalham com retícula, uma porcentagem de preto e não a tinta em 100% e mantém a mesma fonte utilizada na capa. A ocupação do miolo também é muito equilibrada dentro da página, ocupando o espaço ideal no centro e deixando margens adequadas.

O cabeçalho ganhou as informações de título/autor e também a paginação, mas eu preferia que as fontes dos números fosse a mesma sans-serif que foi utilizada no texto.

Minha única questão ficou para a escolha de marcação de horas nas divisões internas dos capítulos são feitas no formato americano de am/pm. Sou PÉSSIMA para decorar/absorver a informação de qual dos dois é de manhã ou de tarde. Eu particularmente prefiro a marcação de 24h e acho que tem mais a ver com a forma como nós mostramos as horas aqui no Brasil, mas pode ser impressão e costume meu.


história

Acho que não penso sobre carma desde que parei de ver a extinta série My name is Earl. Carma é um dos principais pilares da história criada por Natalia von Poser. É uma das ligas para as três visões de futuro e desdobramentos de um mesmo encontro inicial entre os personagens principais.

my-name-is-earl

Vale dizer que eu e Paula, a personagem principal do livro, tivemos um início difícil. Acho que o problema foi o estilo da narrativa que era muito rápido, com frases extremamente curtas, quase telegrafadas. Imagino que a ideia era passar a sensação de estar na cabeça de Paula, de seus pensamentos erráticos e que se conectam em assuntos aparentemente aleatórios. Por isso Paula é quase uma metralhadora giratória, atirando seus pensamentos e toda uma carga de background no leitor de uma vez só.

Entendam que eu vinha de uma série de leituras de livros de fantasia. Longos parágrafos descritivos, longos diálogos. Pegar um “chicklit” e ser atingida pelas “balas perdidas”de Paula foi um choque inicial que quase prejudicou minha experiência. Tanto até que após ler o primeiro capítulo eu deixei o livro “descansar” por uns dois dias até pegar de volta e, aí sim, me deliciar com a leitura.

karma-bitch

Paula está insatisfeita com sua vida de ponte área Rio-SP, um com-pro-mis-so com Fernando há 5 anos e uma “amiga” linda e (para mim) super-mala. Ela resolve dar a volta por cima e tentar investir em uma mudança radical em sua vida.

Ricardo é um professor feliz com a profissão mas no fundo guarda certa mágoa de nunca ter se declarado para sua melhor amiga e tê-la perdido para outro cara.

Cada um tem um capítulo inicial de apresentação (obviamente o de Paula é bem maior) e depois disso eles se encontram em um bar do aeroporto enquanto esperam por seus respectivos voos. Daí as três linhas temporais da história se separam e podemos acompanhar como as vidas de Paula e Ricardo são afetadas de acordo com suas decisões durante o encontro no aeroporto.

Sabe todos aqueles momentos da vida em que você teve que tomar uma decisão e deixou para trás os “e se” para seguir com uma opção? Natalia mostra para gente três “e ses”, um mais surpreendente, engraçado, revoltante, apaixonante, mortificante e emocionante do que o outro. Ao mesmo tempo que mostra o poder do carma, para aqueles que acreditam.

Adorei! Adorei conhecer três possíveis futuros de Paula e Ricardo, e de todos os personagens que os cercam. Cada uma das possibilidades mostra facetas diferentes de acontecimentos, ao mesmo tempo  que vemos outros ângulos dos próprios personagens.

Não me reconheço muito em Paula mas consigo encontrar um pouco do Ricardo em mim, e isso torna a experiência da leitura ainda mais prazerosa.

De uma experiência inicial um pouco truncada, o livro se tornou uma diversão e uma expectativa para descobrir como uma mesma situação seria diferente em uma nova “realidade”.

Para nós “humanos normais” que não temos como prever o que nossas decisões vão nos oferecer na vida, acompanhar as escolhas e os carmas dos personagens de Natalia foi extremamente recompensador.

boy-george

Duas coisas importantes: 1) Fernando e Laura (compromisso e melhor amiga de Paula) são os personagens mais babacas da história e não consigo simpatizar com nenhum em nenhuma “realidade”; 2) vou guardar para sempre que “amigos são a família que a gente escolhe”. Não conhecia a expressão/ditato e me marcou de verdade durante a leitura.

Por favor, leiam e se divirtam, tanto quanto eu me diverti lendo Uma Mulher, um Homem, um Drink. Acredito que não vão se arrepender.


Se você se interessou e quer conhecer um pouco mais sobre a autora seguem alguns links com entrevistas com ela:

  • Natalia participou de um episódio do Sem Censura mas não tem o link do vídeo em lugar nenhum. =/
  • Divulgação da autora, seu novo blog e de seu livro nO Globo.
  • Outra entrevista, agora nO Fluminense.
  • E um ping-pong com a autora no blog Modices.

Meu obrigada à Luana, da assessoria de imprensa da autora, por gentilmente me enviar os links. ^.^


Até a próxima! o/

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