resenha

A Garota que Eu Quero – Markus Zusak

12 ago 2013
Informações

a garota que eu quero

markus zusak

intrínseca

série irmãos wolfe #3

272 páginas | 2013

4.75

Design 4.5

História 5

14

Cameron Wolfe é o caçula de três irmãos, e o mais quieto da família. Não é nada parecido com Steve, o irmão mais velho e astro do futebol, nem com Rube, o do meio, cheio de charme e coragem e que a cada semana está com uma garota nova. Cameron daria tudo para se aproximar de uma garota daquelas, para amá-la e tratá-la bem, e gosta especialmente da mais recente namorada de Rube, Octavia, com suas ideias brilhantes e olhos verde-mar. Cameron e Rube sempre foram leais um com o outro, mas isso é colocado à prova quando Cam se apaixona por Octavia. Mas por que alguém como ela se interessaria por um perdedor como ele?

Octavia, porém, sabe que Cameron é mais interessante do que pensa. Talvez ele tenha algo a dizer, e talvez suas palavras mudem tudo: as vitórias, os amores, as derrotas, a família Wolfe e até ele mesmo.

Design

Confesso que eu demorei um pouco para entender que aquele ferro entre os pés do rapaz na capa do livro era um pé de mesa. Ok, me chamem de tapada… mas acho que só quando tive o livro em mãos e olhei a imagem completa na folha de rosto que fiz um “ah, é uma mesa!”. Dito isso, a capa/contracapa é fofa, mas costumo me incomodar um pouco com essas frases de apoio para a contextualização do livro. Me pergunto se “autor de A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS” não podia vir na contracapa…

Fiquei impressionada em ver que este é um dos primeiros livros que eu vejo que praticamente só foi utilizada uma família tipográfica para todos os elementos de texto. Inclusive na capa/contracapa, aparentemente é só a fonte Electra, descrita no colofon. Acho que é uma prova que é possível criar vários estilos e elementos com uma fonte só. Lindo! <gamada em fontes> ^.^

Como já falei, a capa se repete completa na folha de rosto, e isso tem acontecido em alguns livros que peguei da Intrínseca. Vou te dizer que gostei muito da experiência, é meio que uma forma do leitor conseguir visualizar a “grandeza” da capa numa imagem completa, e não de forma quebrada como capa/lombada/contracapa.

Uma das coisas que eu mais gostei no projeto gráfico de A Garota que Eu Quero foi a página de abertura de capítulo. Elas tem uma estrutura diferente do resto das páginas, com uma margem interna maior que, desculpem-me a viagem, me remeteram a folhas de caderno pautado, quando temos aquela linha vertical para definir a margem onde a gente começa a escrever. Fiquei com a sensação de ter um “caderno-diário” nas mãos e não um livro propriamente dito. Senti um pouco de falta dos cabeçalhos com o nome do autor/título do livro, mas se considerar a leitura como uma visita ao diário pessoal do Cameron, posso relevar, né?

De resto, não percebi problemas de revisão, ou pelo menos nada que me chamasse a atenção para vir comentar depois. Só mais um ótimo trabalho da equipe da Intrínseca.


História

Depois de tantos anos como leitora, comecei a pensar que a grande maioria dos livros que leio tem como protagonista uma personagem feminina. Sejam elas mocinhas indefesas ou guerreiras indomáveis, em romances avassaladores ou triângulos amorosos, costumam ser mulheres.

Passei a me perguntar como seria um romance com um personagem masculino como protagonista. Quais são os anseios e dificuldades de um rapaz quando o assunto é amor e paixão. Mas eu não queria ler isso pelos olhos de uma autora. Provavelmente, a carga de expectativas e desejos que uma mulher tem para um personagem masculino talvez moldasse a personalidade do cara.

Não. Eu queria ler um romance escrito por um homem estrelando um protagonista masculino. Aquilo que o autor colocasse no papel talvez fosse mais próximo de uma reação masculina “real”.

Quer queira quer não, eu sempre tive a impressão de que, mesmo quando chegamos a uma idade adulta, o clube da luluzinha e do bolinha continuam com suas barreiras e preconceitos ativos. Saber o que uma outra menina pensa, sente, surta é muito mais fácil para mim do que ler e entender um cara. Se nós somos difíceis e complicadas para eles, o inverso também é altamente válido.

Então, acompanhar Cameron Wolfe em sua jornada de fraternidade e de descobrimento da paixão foi muito satisfatório. Sair do conforto da identificação com o protagonista, e enxergar as dificuldades dele com uma ótica diferente da minha foi divertido. Tudo bem que eu achei que aí as personagens femininas ficaram um pouco caricatas. Mas seguir a história de Cameron é tão maior que dá até para deixar passar.

Por ser diferente de seus irmãos, um bem sucedido jogador de futebol americano e um pegador-garanhão bom de briga, ele acaba se menosprezando e achando que sua existência um pouco sem sentido. Ver sua descoberta de que não é um inútil, da forma que ele tem de exteriorizar seus pensamentos; passar a acompanhar a narrativa tanto do que seria o real e o dia-a-dia quanto das “palavras” de Cameron, onde ele reescreve sua vida de uma maneira mais poética, é muito bonito.

Acho que o mais importante foi acompanhar como é o sofrimento do rapaz para se conectar, para mostrar quem é, mostrar aos seus dois irmãos mais velhos seu próprio valor, sua “fome” pela vida. O livro é curto, mas ao mesmo tempo é longo o suficiente para existir a conexão com o personagem. E para que a gente passe a torcer que as coisas comecem a dar certo para Cameron.

O final é levemente em aberto, que eu já falei que não curto tanto, mas toda evolução e amadurecimento do personagem valem tanto mais, que dá até para desconsiderar que eu ainda queria que a história continuasse e fechasse.

Meninos, eu respeito e quero entendê-los, assim como imagino como a maioria de vocês também querem entender o universo feminino. Fico pensando o fardo que é para todos tentar se aproximar dos ideais criados por Edwards, Jacobs e Jaces… Ideais esses escritos por mulheres que despejaram seus próprios anseios e expectativas em personagens (talvez) inalcançáveis.

Por isso sou grata pela experiência de ler “A Garota que Eu Quero”. Caras, por causa de Cameron, vocês ficaram mais reais para mim hoje.


Até a próxima! o/

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2 Comentários

  • Responder novas aquisições do blog #29 | Parafraseando LivrosParafraseando Livros 23 ago 2013 at 11:40

    […] parceria com a Intrínseca eu solicitei A Garota que eu quero, que já tem resenha aqui, e agora Gataca, o lançamento de agosto e novo livro de Franck Thilliez, mesmo autor de Síndrome […]

  • Responder Babi Lorentz 17 ago 2013 at 17:29

    Sam, se você não leu os outros dois livros da trilogia (O Azarão e Bom de Briga) que foram lançados pela Bertrand Brasil, aconselho que leia. Como gostou deste, acho que vai gostar de se sentir mais próxima do Cameron e ver toda a evolução dele como homem e pessoa. :)
    Beijos.

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