resenha

Annástria e o Príncipe dos Deuses – Selène D’Aquitaine

26 mar 2013
Informações

annástria e o príncipe dos deuses

selène d'aquitaine

ícone

série annástria #1

352 páginas | 2010

3.5

Design 3.5

História 3.5

14

Annástria é uma das dimensões mais evoluídas entre as sete principais, governada pela Deusa Memória e pelo Deus Zolum. Reza uma profecia que o filho primogênito dos Grandes Deuses, Rorek, estava destinado a trair sua família, unindo-se a deusa das Trevas, Satine. Annástria começa a se afogar nas Trevas, porém, de acordo com a profecia, o filho de Strauss, Rei de Annastria, é a única pessoa que pode salvar Annastria e restaurar o equilíbrio entre as dimensões. Ele era um anjo, porém Rorek corta as suas penas. As penas são espalhadas por várias dimensões. Para salvar Annástria, Darin precisa recuperar todas as suas penas antes que Satine o faça. Ele vai contar com a ajuda de Impar, uma feiticeira que de alguma forma misteriosa está especialmente ligada a ele.

Design

Uma das coisas que acho que combina sempre com livros de fantasia são as ilustrações para as capas. Normalmente elas dão o tom e o estado de espírito para a leitura. Entretanto eu tenho uma certa ressalva com a capa de Annástria. Aqui a questão é que a ilustração dá a impressão de uma história muito mais infantil do que realmente é.

Eu sou apaixonada por manga e anime, mas para chegar ao tom certo de Annástria eu acho que Selène deveria ter selecionado um artista com um traço mais definido e maduro. Do jeito que está, ficou parecendo um trabalho um tanto amador, ao estilo doujinshi, apesar de a capa ser chamativa.

Outra coisa que merecia um cuidado em uma próxima edição são o título e subtítulo. Com tantos efeitos e filtros de Photoshop nas fontes, fica um pouco confusa a leitura. Eu particularmente preferiria que o título tivesse sido escrito com a mesma fonte das aberturas de capítulo. Desta forma se criaria uma maior identidade geral para o livro.

Gostei do miolo apesar da fonte do conteúdo ser um tanto grande, mas mesmo assim, a leitura é agradável. Acho que o livro merecia mais uma revisão de texto, encontrei algumas palavras sobrando, travessões de diálogos faltando ou mal colocados, e preposições trocadas.


História

Sempre imaginei que uma das tarefas mais difíceis para um escritor é criar um livro de fantasia. Normalmente, neste tipo de histórias, o autor precisa desenvolver toda uma nova dinâmica de mundo e de raças, geografias, mitologias, deuses. O nível de contextualização, justificativas, interligações entre todos os itens que mantém a história crível e aceitável é bem alto.

Fiquei bem surpresa em como Selène D’Aquitaine conseguiu enredar todas esses conceitos para criar Annástria. É uma história intricada com todos os quesitos positivos e negativos que isso pode trazer para um livro de “estreia”.

Achei muito importante perceber o que eu acho que devem ter sido as referências da autora para criar seu universo, personagens e enredo. Apesar de não ter certeza de nenhum deles, foram os que ativaram as minhas lembranças. Por exemplo, Tsubasa Chronicles quando Darin perde suas asas e as penas que representam sua alma/lembranças; A Bússola de Ouro, onde existem entidades que são parte da alma da pessoa que acompanham; Star Wars, com o “lado negro da força” se uma pessoa perde sua alma; Harry Potter, com a escola de magia e “o menino que sobreviveu” vivendo em outra dimensão.

Isso é muito bom porque mostra que a autora tem um vasto repertório de influências, mas ao mesmo tempo, significa que ela ainda não conseguiu escondê-las de uma forma mais madura dentro de sua própria história.

Existem muitos personagens em Annástria, que acompanham de alguma forma a jornada do Príncipe Darin e de sua companheira, a feiticeira Impar. Inclusive, para o leitor não se perder, no final do livro existe um glossário de personagens e termos do universo de D’Aquitaine. Preciso dizer aqui que acho Impar uma personagem muito mais interessante, com seus conflitos e anseios, enquanto Darin é o personagem bonzinho. Mas acredito que isso é um problema de praticamente todo o herói que tenha uma faceta muito voltada para o bem, eles tendem a ser “chatos”, e isso não é um problema da autora.

Impar inclusive é pivô em cenas bem fortes e controversas na história. Enganam-se aqueles que acharem que por ter uma capa “infantil” o livro segue este esquema. Batalhas sangrentas, cenas de relacionamento sexual, alguns assuntos considerados tabus são tratados pela autora.

Quanto ao mundo de Annástria e as viagens de Darin e Impar existem certos momentos confusos. Eu não consegui montar na minha cabeça a interligação entre as dimensões, nem em quais momentos os personagens estão aonde. Às vezes, por ser muito descritiva, a autora acaba se perdendo montando a ambientação dos acontecimentos, mas o contexto “geográfico” se perde.

Gostei muito da história, acredito que tem um grande potencial, mas percebo que o texto ainda tem partes muito cruas, que mereciam uma revisão estrutural e linguística. É possível perceber uma certa flutuação de estilo narrativo, que muitas vezes alterna entre o coloquial e o formal. As descrições de batalhas, muitos diálogos e a trama como um todo são bem satisfatórios, mas vale uma repensada em alguns capítulos. Principalmente o 25, “O Teatro dos Pecados”, que achei difícil de encaixar na história.

A continuação, Annástria e o Sete Escolhidos, já está na minha fila de leitura, e provavelmente logo mais terá sua resenha aqui no blog.

Só uma questão que ficou me incomodando. Se o Artenis é o companheiro do Darin, por que Aradios, que é o ajudante da Impar, está na capa? O.o


Até a próxima! o/

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