resenha

Os Filhos do Tempo – Chaiene Barboza Santos

22 out 2012
Informações

os filhos do tempo

chaiene barboza santos

modo

série ---

133 páginas | 2012

1.75

Design 2

História 1.5

10

Esta é a estória de um estudante chamado Nicolas, que adorava olhar as estrelas e pensar na grandiosidade do universo. Ele é perseguido por seres de outro mundo que querem levá-lo do planeta Terra. O rapaz conhece uma linda mulher que veio de um lugar muito distante para revelar segredos que mudariam sua maneira de ver o mundo. Uma descoberta fantástica o remeterá a conhecer quem serão os “Filhos do Tempo”. Uma trama intrigante que nos fará ver o mundo por um outro prisma. Segredos, paixão intensa, aventura e grandes revelações mudarão para sempre a vida, não apenas de Nicolas, mas de todos que viajarem com ele nesta odisseia. Quem ousa a tanto?

Design

Uma capa não faz um livro. Principalmente quando a quarta-capa não lhe faz jus. Hoje em dia tenho preferido capas com laminação fosca porque a laminação brilhante às vezes dá a impressão de amadorismo.

O projeto gráfico criado pela Marina Ávila aqui não salvou o conteúdo. A revisão infeliz que foi feita no texto atrapalha muito a imersão.

Apesar do sumário e aberturas de capítulos elegantes com florais, não entendi o que o grafismo tinha a ver com o texto que é de “ficção científica”.

Porém, o maior problema do livro é a revisão. Muitos erros de português passaram, separação de parágrafos em locais inadequados, sinalizações faltando em alguns lugares e em excesso em outros.


História

Depois que terminei de ler Os Filhos do Tempo percebi que estava com um problema muito sério. É a primeira vez que preciso fazer uma resenha sobre um produto que foi enviado para avaliação pelo autor e eu não gostei. Inclusive eu quero pedir desculpas ao Chaiene pela demora em colocar a resenha no ar.

A dificuldade aqui é: como manter a sinceridade com a minha opinião em relação ao livro e tentar manter o nível de críticas construtivas, e não simplesmente um levantamento de falhas que existem na narrativa?

Os Filhos do Tempo segue a história de Nicholas, um jovem que em um dia de chuva esbarra com a mulher mais linda que já viu em sua vida, se apaixona, é levado por ela para uma espaçonave e descobre que é o único que pode salvar a vida da princesa do planeta dos extraterrestres que o “raptaram”.

Sou leitora há pelo menos 24 dos meus 31 anos de vida. Há alguns anos, quando pensei em me dedicar à criação de jogos e roteiros, fiz o curso do Eduardo Spohr de Estrutura Literária e conheci a Jornada do Herói, os arquétipos de personagens. Isto me ajudou a organizar minhas ideias, a tentar criar personagens melhores, mas não fez com que eu passasse a ler ou ver filmes traçando as etapas da jornada em cada mídia. Mas eu reconheço que elas estão lá.

Então, qual é o problema em Os Filhos do Tempo? Eu não encontrei a jornada. O livro, em suas 250 páginas, é um apanhado de personagens que são confusos, muito prolixos e pouco profundos. É uma tapeçaria de assuntos – física, biologia, sustentabilidade, meio-ambiente/ecologia, a sociedade humana e suas falhas, astronomia, viagem no tempo -, que foram simplesmente arranhados mas não constroem um narrativa ou uma liga para manter a história coesa.

A maior parte do tempo o livro é confuso, com informações repetitivas sendo colocadas para o personagem principal e para o leitor. Você não consegue ter noção de tempo passado porque tudo parece ser agora.

Quando o autor decide fazer um flashback acaba sendo em um momento não muito oportuno, no meio de um raciocínio. E quando volta para o presente nada mais tem muita coerência.

Falta profundidade, tensão, clímax e desenvolvimento tanto dos personagens quanto da narrativa.

Na ficha descritiva do livro não há a participação de um editor e eu acredito que é aí que está o problema e também a solução para Os Filhos do Tempo.

Fui pesquisar sobre o editor, inclusive entrei em contato com Raphael Draccon, para tentar descobrir qual o papel desse em uma obra (para quem entende inglês: aqui e aqui). Existem várias especializações mas a que importa aqui é aquela em que o editor é o parceiro do autor para transformar a obra original em um produto maduro, vendável e crível. O editor é aquele que ajuda a polir e refinar a obra original. E foi esse editor que ficou faltando em Os Filhos do Tempo. Ele ajudaria a manter a coerência e impediria os flashbacks mal localizados, diminuiria a prolixidade, melhoraria a forma e o estilo de escrita e erros de geolocalização (infelizmente não é possível ver a Estátua da Liberdade do Central Park em Nova York).

Por isso tudo eu não gostei do livro, por isso minha nota baixa. Mas eu quero e espero que o autor entenda que o que desejo é que ele se aprimore cada vez mais. Que estude e desenvolva novas histórias e que as coloque para aprovação fora do seu círculo de conforto antes de publicá-la. Porque é só assim que melhoramos e evoluímos. Errando e aprendendo com nossos erros.


Até a próxima! o/

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5 Comentários

  • Responder Lygia 28 out 2012 at 09:40

    Sammy, vc conseguiu expor seu POV sem precisar ofender ngm, com críticas coerentes à sua linha de raciocínio desde o início da análise.

    Uma pena que às vezes uma boa trama com detalhes incoerentes, no final, acabam prejudicando a obra como um todo. Desejo sucesso ao autor e que ele utilize dessa análise e de outras tantas que estiverem por vir (críticas negativas ou positivas) para evoluir como escritor.

    Beijos!

  • Responder Flavio P. Oliveira 27 out 2012 at 08:30

    É sempre complicado escrever resenhas de livros que não gostamos. Quanto ao editor, sabe, eu não concordo. O revisor técnico é fundamental, mesmo uma revisão literária também é importante… Se um editor metesse o dedo na minha história, eu ficaria revoltado… hehehe… É igual produtor/diretor de cinema, o diretor faz o filme e o produtor muda; anos depois sai a versão do diretor… kkk

    Outro ponto que acho engraçado. Tem tanto erro em livro que passa desapercebido pelo leitor e outros assustam. O leitor tem filtrado muito algum tipo de erro e se arrepiado com outros. Um livro precisa ser revisado muitas vezes para os erros diminuirem, precisa de mais de uma edição.

    Falando em editor… Paulo Coelho só fez sucesso porque empurrou os erros e problemas do texto dele para o leitor, obrigando os editores a aceitá-lo.

    :D

    • Responder Samara Maima 29 out 2012 at 14:40

      Então Flavio, essa “parceria” entre editor e autor eu vi que costuma ter lá fora. Cansei de ler agradecimentos de autores aos editores e tal.

      E acho interessante a sua opinião de preferir só a revisão do texto propriamente dito. É um direito do autor com sua obra. Mas no caso desse livro que tratei na resenha acredito que o editor teria um trabalho de melhorar o direcionamento do autor. Quase como uma âncora para um produto final mais acabado.

      Quem sabe numa próxima edição os erros de revisão também já não estejam corrigidos, né?

      Obrigada pela visita!

  • Responder Samara Maima 23 out 2012 at 21:52

    Oi Babi, obrigada!

    Como eu falei, foi provavelmente a resenha mais difícil que já escrevi. Porque normalmente a gente lida com autores que nunca vamos ver na vida.

    Com autores brasileiros você está bem “mais próximo”, e lidar com o ego (não no sentido negativo da palavra) das pessoas é uma tarefa que precisa de muita sutileza e tato, né.

    Adoro quando você tira um tempinho para me visitar! ^^

    Beijos!

  • Responder Babi Lorentz 23 out 2012 at 21:17

    Bem que você já tinha comentado comigo, mas achei mais interessante ainda ver tudo isso na sua resenha e ver que você conseguiu fazer tudo de uma forma a não machucar ninguém. Faltou mesmo o editor na obra. Eu não sou uma e não tive uma ajuda assim na minha obra, mas sei que ela poderia ter sido bem melhor se houvesse alguém para me ajudar.
    Gostei bastante do jeito que você colocou tudo isso na resenha. Adorei mesmo. E continue assim, prezando sempre pela sinceridade das resenhas no seu blog porque com isso você só ganha credibilidade.
    Beijos.

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